Como enfrentar vitoriosamente a velhice

Billy Graham, em seu livro “A caminho de Casa” disse, corretamente, que a velhice não é para os fracos. A longevidade é uma bênção de Deus, mas precisamos nos preparar para ela. A velhice é um privilégio, mas sua bagagem é pesada. Mesmo sendo chamada por alguns de idade de ouro, essa fase outonal da vida não é indolor. Muitos colhem na velhice os amargos frutos que plantaram na juventude. Outros, passam a velhice na solidão porque jamais investiram em bons relacionamentos, nem mesmo dentro da família. A velhice ditosa é resultado de uma semeadura feita ao longo da vida. Como enfrentar vitoriosamente a velhice?

Em primeiro lugar, reconhecendo que a velhice é um tempo de fraqueza física. O salmista orou: “Não me rejeites na minha velhice; quando me faltarem as forças, não me desampares” (Sl 71.9). Na velhice, não raro, ficamos com os olhos embaçados, com as pernas bambas e com os braços sem vigor. Fechamos esse ciclo da vida dependendo de cuidados. Não conseguimos mais lidar com os desafios da vida com o mesmo vigor da juventude.

Em segundo lugar, reconhecendo que a velhice é tempo oportuno de testemunho. Se nossas forças físicas vão sendo depauperadas na velhice, nossa maturidade espiritual vai se robustecendo. O salmista clamou a Deus e pediu: “Não me desampares, pois, ó Deus, até a minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às vindouras o teu poder”. Na Olimpíada da vida, estamos numa corrida de revezamento. Precisamos passar o bastão para nossos filhos e netos com precisão. Precisamos transmitir a eles quão grande é o nosso Deus e quão magnífico é o seu poder. Isso é mais do que um mero tradicionalismo que mantém a fé morta dos que estão vivos. Isso deve ser uma tradição sagrada que realça a fé viva daqueles que já nos antecederam. O maior legado que podemos deixar para nossos filhos e netos, para esta e a futura geração, é o testemunho vivo e fiel do evangelho. Bens materiais e conhecimento intelectual sem a riqueza do evangelho pode constituir-se num desastre para as futuras gerações, pois nada afasta mais o homem de Deus do que sua tola autossuficiência.

Em terceiro lugar, reconhecendo que na velhice não podemos nos aposentar da vida. A aposentaria é o sonho dourado do trabalhador. Muitos anseiam tanto por ela que se esquecem de aproveitar a vida enquanto trabalham. Aqueles que se aposentam e vestem um pijama morrem cedo. Aqueles que se aposentam da vida e desistem dos sonhos na velhice, deixam de desfrutar das alegrias das cãs. Assim como não existe aposentadoria no reino de Deus, também não existe aposentadoria da vida. Devemos viver à semelhança de uma vela, brilhar com a mesma intensidade até o final. Viver com alegria, gratidão e entusiasmo deve ser o nosso lema, todos os dias.

Em quarto lugar, reconhecendo que na velhice Deus nos farta de bens e nos renova as forças. A velhice pode ser amarga e dolorosa se for vivida na solidão dos homens e no desamparo divino. Porém, se estivermos cercados de afeto e amparados pelo braço do Onipotente, poderemos desfrutar gozo inefável e alegria indizível. O salmista disse que Deus é quem farta de bens a nossa velhice, de sorte que a nossa mocidade se renova como a da águia (Sl 103.5). O profeta Isaías disse que Deus faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam (Is 40.29,31).

Em quinto lugar, reconhecendo na velhice podemos ser cheios do Espírito Santo. As lembranças são um grande legado da velhice. Mas os velhos não devem viver apenas de memórias. A velhice é tempo de ser cheio do Espírito e alimentar grandes sonhos. Abraão com setenta e cinco anos iniciava a mais emocionante jornada de sua vida. Calebe com oitenta e cinco anos tinha projetos ousados a realizar. Moisés com oitenta anos liderou seu povo rumo à terra prometida. Mesmo na velhice podemos produzir muitos frutos. O profeta Joel disse que os velhos, cheios do Espírito Santo, sonharão (Jl 2.28). Eles olharão para a vida com visão do farol alto e subirão nos ombros dos gigantes. A velhice não deve ser vista como um fardo, mas como um sublime privilégio. Que Deus nos prepare para essa importante fase da vida!

Rev. Hernandes Dias Lopes

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