Perdão, manifestação da graça de Deus
O salmo 51 é um dos sete poemas chamados de penitenciais (6; 32; 38; 51; 102; 130; 143) e retrata o arrependimento de um pecador que deliberadamente escolheu transgredir a vontade revelada de Deus. Também retrata a majestade e singularidade do perdão divino.
Escrito por Davi após ter cometido a quebra de seis dos Dez Mandamentos, certamente é um dos mais conhecidos dentre os salmos. Martinho Lutero classificou os salmos 32, 51, 130 e 143 como “Salmos Paulinos” porque ensinam as mesmas verdades que o apóstolo Paulo ensinou em seus escritos. Lutero disse desses salmos: “Todos eles ensinam que o perdão dos pecados vem sem o concurso da lei e das obras para o homem que crê. …e quando Davi canta: ‘Em ti há perdão, para que sejas temido’, isto é justamente o que Paulo diz: ‘Deus os encerrou todos na incredulidade, para ter misericórdia de todos’ (Rm 11.32). Assim, nenhum homem pode vangloriar-se de sua justiça pessoal. Esta palavra ‘para que ele seja temido’, pulveriza todo mérito e nos ensina a desnudar nossas cabeças diante de Deus e confessar: é tão somente pelo perdão, nunca por qualquer mérito; por meio de remissão, não satisfação.’”
Certamente muitas lições podem ser extraídas do precioso e consolador texto do salmo 51, porém as seguintes são destacadas:
1 – O perdão é fruto da graça de Deus – O salmista apresenta sua súplica não confiado em seus méritos, sabedoria, fé ou posição social (era Rei de Israel), antes tão somente apoiado na benignidade e na multidão das misericórdias do Senhor (51.1). Ao ensinar a parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32) o Senhor Jesus destacou a graça do pai que acolheu misericordiosamente o jovem (Lc 15.20; 22-23) que outrora se rebelara e agora arrependido sabe não possuir absolutamente nada que obrigue seu pai a recebê-lo (Lc 15.21).
Conhecendo o Deus de toda a graça, Davi suplica que seus graves e terríveis pecados sejam apagados (51.1), que ele seja completamente lavado e purificado de suas vergonhosas iniquidades (51.2), que num ato de bondade Deus esconda seu rosto dos pecados que ele praticou.
2 – O perdão gera novidade de vida – O salmista, experimentou as terríveis e dolorosas consequências resultantes do pecado (Sl 32.3-4; 51.8), não desejava retornar à pratica das iniquidades já confessadas e, portanto, com todas as suas forças suplicou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável” – Sl 51.10. O apóstolo Paulo condena com veemência aqueles que equivocadamente pensam ser possível professar a fé cristã e permanecer na prática do pecado (Rm 6.1-14). Aquele que recebeu o perdão almeja uma vida nova na presença do Senhor (E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas – 2Co 5.17).
3 – O perdão gera testemunho – Aquele que foi alcançado pela graça de Deus, cujos pecados foram perdoados, não se cala, se omite ou se esconde. O salmista manifestou o seu desejo intenso de comunicar a outros a poderosa obra de Deus em sua vida (Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores se converterão a ti – Sl 51.13). Quem foi livre de tão grande culpa e sofrimento e agora experimenta a paz com Deus, certamente tem o que compartilhar com os outros.
Sejamos gratos a Deus por seu incomparável perdão e em gratidão por sua misericórdia vivamos diariamente de maneira a glorificar seu exaltado nome.