“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”
O individualismo é uma das características do presente século. Sua influência já se faz sentir até no ambiente mais improvável: A Igreja, que tem como uma das suas metas “Creio…na comunhão dos santos”. Contudo, não são poucos os que preferem cultuar a Deus sem a presença do povo de Deus.
Na vida em família não é muito diferente. São tantos os compromissos e afazeres que o lar transformou-se em um lugar de pernoites. Não são raros os casos de termos num mesmo ambiente todos os membros da família, porém, completamente distanciados uns dos outros pelos infindáveis e sempre modernos aparelhos eletrônicos.
É urgente que os membros da família passem mais tempo juntos e juntos busquem a Deus. Família é assunto cotidiano, inadiável, impostergável e prioritário. Não existe melhor maneira de expressarmos o valor e a importância que atribuímos à nossa família, que a realização diária do Culto Doméstico. A Confissão de Fé de Westminster, no capítulo XXI, Seção VI, apresenta o tema: “Agora, sob o Evangelho, nem a oração, nem qualquer outro ato do culto religioso é restrito a um certo lugar, nem se torna mais aceito por causa do lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija, mas, Deus deve ser adorado em todo o lugar, em espírito e verdade – tanto em famílias diariamente e em secreto, estando cada um sozinho, como também mais solenemente em assembleias públicas, que não devem ser descuidosas, nem voluntariamente desprezadas nem abandonadas, sempre que Deus, pela sua providência, proporciona ocasião.”
Em nossos Princípios de Liturgia, também temos uma solene apresentação de tão revigorante momento, Capítulo IV, Art. 10 – “Culto doméstico é o ato pelo qual os membros de uma família crente se reúnem diariamente, em hora apropriada, para leitura da Palavra de Deus, meditação, oração e cântico de louvor”. Em 1907, a Assembleia Geral (atual Supremo Concílio) de nossa denominação adotou o seguinte posicionamento (AG-1907-041): “Recomenda a todos os pastores e missionários que façam a maior propaganda possível em favor do estabelecimento do culto doméstico em todas as casas dos crentes”.
O culto doméstico diário é de suma importância – “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). O êxito em qualquer área da vida será insignificante se falharmos na formação espiritual de nossos familiares. Com tristeza constatamos que em alguns lares os atos contrariam o discurso. O valor atribuído à formação acadêmica ou ao sucesso profissional é muito maior que o valor dispensado ao crescimento na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (I Pe 3.18).
O culto doméstico diário é um tempo de refrigério – O momento devocional em família deve ser marcado pela brevidade (aproximadamente 30 minutos), organização (escolha prévia dos textos bíblicos, hinos e cânticos), e concentração (as interrupções devem ser evitadas).
O culto doméstico diário é um tempo de instrução – Em cada encontro a Bíblia deverá ser lida e explicada de forma clara. Elabore um planejamento que contemple todas as partes do texto sagrado – “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente…” (Cl 3.16a).
O culto doméstico diário é um tempo de oração – Oração em favor dos pais – “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. (Ef 6.4).
Oração em favor dos filhos – “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra”. (Ef 3.1-3). Oração em favor da nação, dos governantes, da obra missionária, da igreja local, dos enfermos e aflitos (I Tm 2.2).
O culto doméstico diário é um tempo louvor – Excelente oportunidade para louvarmos a Deus e ensinarmos as verdades bíblicas por meio de belos hinos e cânticos. O apóstolo Paulo nos instrui – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Ef 5.18-20).
O amor que afirmamos ter pela família deve ser demonstrado por meio do empenho na realização do culto doméstico diário.
“Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente”. (Jo 1.5)
Creiamos na “comunhão dos santos” e, em família, no recesso do lar, como corpo de Cristo, sirvamos ao Senhor.
Rev. Jailto Lima do Nascimento