Volte em paz para sua casa
Jacó precisou fugir da casa de seus pais. Seu irmão Esaú queria matá-lo. Depois de muitas trapaças e mentiras, a situação no seu lar ficou insustentável. Orientado por sua mãe, enganou o pai e traiu o irmão. Agora, não pode mais ficar. Tem de sair. As fraquezas de Jacó, entretanto, não anularam o propósito de Deus em sua vida. Deus aparece para ele em Betel e lhe faz promessas. Jacó prossegue viagem e chega em Padã-Arã, e ali conhece Labão e suas filhas. Trabalhou quatorze anos para seu sogro para ter o direito de casar-se com Raquel. Deus abençoou sua vida e ele prosperou. Seu sogro era um homem esperto e queria se aproveitar dele, mas Deus reverteu a situação e Jacó enriqueceu-se. Depois de vinte anos, Jacó tem numerosa família e muitos bens.
O sucesso de Jacó foi a perturbação de Labão e de seus filhos. Jacó já não era mais bem-visto pelo sogro nem pelos cunhados. Jacó não tem mais espaço naquela terra, então, resolve voltar. Reúne suas mulheres, seus filhos, seu gado e sai. Porém, ao saber de sua fuga, Labão vai atrás dele, cheio de ira e o confronta. Jacó se defende e eles se perdoam e se reconciliam. Jacó volta à sua terra e Labão retorna a seu lar. Esse episódio nos enseja algumas lições.
1. Quando há falta de transparência nos relacionamentos, surgem mágoas e ressentimentos. Labão quis passar a perna em Jacó e explorá-lo. Jacó desde cedo percebeu que a relação de seu sogro com ele não era uma relação de amor e transparência, mas de interesse e exploração. Isso criou uma fenda no relacionamento entre eles. Mesmo trabalhando perto, morando perto e convivendo, não havia diálogo nem comunhão.
2. Quando a malquerença se instala, a convivência se torna insuportável. Jacó não podia mais ficar. Precisou reunir sua família e sair. As palavras dos cunhados e o rosto do sogro não eram mais favoráveis a ele. Suspeitas, acusações e hostilidades eram tudo que havia sobrado daquela relação utilitarista. A família não tinha mais comunhão. O dinheiro ocupou o lugar dos relacionamentos. O lucro tomou o lugar do amor. A intenção de levar vantagem em tudo, pavimentou o caminho para a mágoa e a mágoa separou quem deveria ter vivido em comunhão.
3. Quando a comunhão acaba e a desavença se estabelece, é preciso ter coragem para enfrentar o problema. Labão vai atrás de Jacó. O que domina seu coração é o ódio. Está furioso. Está revoltado. Sentiu-se traído. Jacó por sua vez, lanceta os abcessos da alma e põe para fora sua mágoa represada há vinte anos. Essa faxina da alma, porém, trouxe oportunidade para eles falarem um para o outro o que estava engasgado. Abriram a caixa de ferramenta, o porão da alma e fizeram uma assepsia do coração. O confronto e a confissão trouxe cura para eles.
4. O confronto precisa desembocar em perdão e restauração. Labão e Jacó se reconciliaram. Abraçaram e se perdoaram. Comeram juntos e choraram. Agora, Labão torna-se, de fato, o pai de suas filhas e o sogro de Jacó. Dá conselhos e faz aliança. Não temos uma família perfeita. Porém, mesmo com suas rusgas e seus conflitos mal resolvidos, jamais podemos desistir da nossa família. Ela é preciosa e não podemos abrir mão dela. Precisamos ter coragem para confrontar e humildade para pedir perdão e perdoar. Precisamos dar o primeiro passo para restaurar o que foi quebrado e restituir o que foi perdido.
5. Quando os relacionamentos são curados, há paz para cada um voltar para sua casa. Tanto Labão quanto Jacó puderam voltar em paz para sua casa. Cada um seguiu o seu caminho e cada um foi guiado por Deus para cumprir o propósito de sua vida. Caminhar deixando pendências para trás é uma tragédia. Jacó saiu do encontro com o sogro para o encontro com Esaú. O mesmo Deus que o ajudou a restaurar seu relacionamento com o sogro, pavimentou o caminho da reconciliação com Esaú, seu irmão. Há conflitos na sua casa? Há pendências em sua família? É hora de resolver isso e voltar em paz para casa!
Rev. Hernandes Dias Lopes