Cuidado com os bens mal adquiridos
Salomão foi um homem rico, muito rico. Conhecia como poucos os perigos que ameaçam aqueles que querem ficar ricos a qualquer custo. Sabia que a formação de quadrilha para maquinar o mal, com o propósito de ajuntar bens mal adquiridos, é um esquema sedutor. Por isso escreveu: “Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa” (Pv 1.10-14). O dinheiro adquirido com violência é uma maldição. A riqueza que vem como resultado do roubo e do derramamento de sangue torna-se o combustível para destruir os próprios transgressores. Não é pecado ser rico; pecado é amar o dinheiro. Não é pecado ter dinheiro; o problema é o dinheiro nos ter. Não é pecado carregar o dinheiro no bolso; o problema é carregar o dinheiro no coração. Muitas pessoas, por amor ao dinheiro, mentem, roubam, sequestram e matam. Outros, por amor ao dinheiro casam-se e divorciam, corrompem e são corrompidas, torcem a lei e pervertem o direito. A motivação para a violência é o desejo de acumular bens. O brilho da riqueza têm fascinado multidões, transformando homens em feras, jovens em monstros, pessoas de bem em ladrões incorrigíveis. A ganância insaciável é o útero onde é gestado crimes hediondos. Desde o narcotráfico até o assalto aos cofres públicos são delinquências inspiradas por esse desejo insaciável de pilhar o próximo e acumular o bem alheio. Os bens roubados não são preciosos nem a casa pode ser verdadeiramente cheia de despojos oriundos do crime. Essa riqueza produz tormento. Essa fortuna desemboca em vergonha, opróbrio e prejuízos irremediáveis. Esse pacote tem cheiro de enxofre e o seu fim é a morte.
Salomão é enfático, quando exorta: Cuidado com as suas alianças! O segredo de uma vida feliz é apartar-se daqueles que, deliberadamente andam no caminho da perversidade. Esses agentes da ilegalidade, protagonistas do crime, feitores de males são proselitistas perigosos, que lançam sua rede sedutora para arrastar pessoas incautas para seu cartel do crime. Nesse projeto de engrossar suas fileiras, buscam alianças e fazem promessas. Querem parceiros e garantem vantagens. Chamam para a aventura e dizem que esse caminho é lucrativo. A bolsa coletiva onde se acumula o dinheiro da iniquidade, entretanto, é maldita. Os valores que entram nela vêm do roubo, da opressão, da violência e do derramamento de sangue. Esses recursos tornam-se o próprio combustível para a destruição dos malfeitores. Essa riqueza entorpece a mente, calcifica o coração, enceguece os olhos e coloca tampão nos ouvidos. Faz do homem um monstro celerado, uma fera sanguesedenta, um lobo selvagem. Ser sábio é não dialogar com esses arautos do crime. Ser prudente é não se aproximar daqueles que vivem na marginalidade. Ser feliz é fugir não apenas do mal, mas até mesmo da aparência do mal. A felicidade não habita nas tendas da perversidade, mas está presente na casa daqueles que vivem em retidão e justiça. Não faça alianças com homens perversos; junte-se a pessoas que podem ajudar você a viver mais perto de Deus.
Nessa mesma linha de pensamento, o apóstolo Paulo exorta: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitos flagelos” (1Tm 6.9,10). A exortação é oportuna: Cuidado com os bens mal adquiridos!
Rev. Hernandes Dias Lopes