O trabalho glorifica a Deus, dignifica o homem e abençoa o próximo
“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Ef 4.28)
O Deus que trabalha criou o homem para o trabalho. O trabalho é ordenança divina antes da entrada do pecado no mundo e fará parte da agenda dos remidos de Deus depois da glorificação, quando a presença do pecado será banida de nossa vida. O texto em tela aponta-nos três verdades, que passo a destacar:
1. O cristão é alguém comprometido com o princípio da integridade. “Aquele que furtava não furte mais…”. Paulo está se dirigindo à igreja de Éfeso e diz que aqueles que fazem parte da família de Deus não podem mais lançar mão daquilo que não lhes pertence. O furto é surrupiar o alheio e subtrair do próximo o que lhe pertence. O furto é um atentado contra o direito de propriedade. O furto é uma quebra do oitavo mandamento da lei de Deus. Um cristão precisa ser honesto em suas atitudes, íntegro em seu trabalho e fiel em suas transações comerciais. O lucro desonesto e o enriquecimento ilícito são incompatíveis com a ética cristã.
2. O cristão é alguém comprometido com o trabalho honrado. “… antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom…”. Não basta ao cristão deixar de furtar. Esse é o lado negativo. É preciso ir além e adotar uma agenda positiva. O cristão precisa trabalhar. O trabalho não é apenas uma questão de sobrevivência, mas de dignidade. Mesmo aqueles que têm com abundância e poderiam viver de suas reservas não estão dispensados do trabalho. Deus de nada precisa, mas ele trabalha até agora. O trabalho é uma bênção. Exalta a Deus, dignifica o homem e abençoa o próximo. Mas, uma pergunta se impõe: que tipo de trabalho? Qualquer trabalho? Não! Colocar as mãos num trabalho que contribui para a decadência do ser humano é conspirar contra o propósito para o qual o trabalho foi instituído por Deus. Fazer aquilo que é desonesto para assaltar o erário público ou roubar o semelhante, buscando apenas vantagens pessoais, ao arrepio da lei, é um atentado à ordenança divina e uma conspiração aos direitos do próximo. A ordem bíblica é meridianamente clara: Devemos fazer o que é bom, ou seja, aquilo que traz glória para Deus, sustento para nós e socorro para o próximo.
3. O cristão é alguém comprometido com a assistência aos necessitados. “…para que tenha com que acudir ao necessitado”. O apóstolo Paulo está aqui alertando para duas atitudes inadequadas: a primeira delas é furtar, ou seja, tomar do próximo o que lhe pertence. A segunda é acumular só para si o que deve ser repartido com o próximo. Há pessoas que trabalham com integridade, mas não distribuem com generosidade. Há aqueles que amealham riquezas como fruto do seu trabalho honesto, mas jamais estendem a mão para socorrer o aflito à sua porta. A ética cristã vai além do ganhar honestamente. Também trata do distribuir generosamente. Quando Deus nos dá com fartura, não é para ajuntarmos tudo para o nosso deleite, mas para repartirmos com misericórdia aos necessitados. Deus multiplica a nossa sementeira não para ajuntarmos toda essa provisão em nossos celeiros. O cristão é alguém que tem o coração aberto, as mãos abertas, o bolso aberto e a casa aberta para socorrer os necessitados. Ele é mordomo dos bens que Deus lhe confiou e usa esses bens para a expansão do reino de Deus e para o bem daqueles que foram criados à imagem e semelhança de Deus. Quem tem ouvidos, ouça: Não furte! Trabalhe! Faça o que é bom! Socorra ao necessitado! Eis os imperativos da ética cristã!
Rev. Hernandes Dias Lopes