O clamor de uma nação espoliada
O torrão brasileiro, descoberto em 1500, é a terra em que se plantando, tudo dá, disse Pero Vaz de Caminha. Nesse canteiro fértil plantaram, desde os primórdios, a erva daninha da corrupção e essa lavoura tem dado resultados exuberantes para encher os bolsos de uma elite inescrupulosa. Nossos descobridores vieram para cá não com o propósito de fazer desse gigante continental uma grande nação, mas para explorar nossas riquezas e tirar daqui nossa madeira, nosso ouro e nossas pedras preciosas. Desde o Brasil Colônia, passando pelo Brasil Império e pelo Brasil República essa tendência nunca arrefeceu. Mudamos de regime político, mas não mudamos nossa cultura. Partidos se alternaram no poder, mas a filosofia do levar vantagem não recuou. Da extrema direita à extrema esquerda, a corrupção sempre correu solta como um rio subterrâneo a irrigar as contas insaciáveis dos poderosos.
O Brasil depois de sair de uma ditadura militar cantou esperançoso o raiar da democracia. Agora, podemos eleger nossos representantes: do presidente da República ao vereador do bairro. Todos são colocados no poder pelo voto popular. Afinal, a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Porém, a cultura da espoliação continua ainda mais ousada. Os desvios não são mais bagatelas, mas rios de dinheiro. Não é mais uma prática isolada de algum ovo podre na ninhada das águias, mas parece que o ninho foi quase todo contaminado. Não se trata mais de um arbusto venenoso na floresta da honestidade, mas a floresta está plantada no solo contaminado da corrupção. A árvore frondosa está envenenada desde a raiz.
Os esforços para apurar os crimes e punir exemplarmente os marajás da corrupção são dignos de nossos maiores encômios. Porém, quanto mais se puxa o fio da meada, mais se percebe que essa corda nos leva às mais altas rodas da elite do poder. Os poderes constituídos foram contaminados pelo levedo da corrupção. De cima vem os conchavos, os acordos subterrâneos, a sangria dos cofres públicos, as ações mais primitivas da ganância insaciável, enquanto o povo, com a corda no pescoço, amarga um arrocho sem precedentes.
Precisamos de um choque ético na nação brasileira. Precisamos mudar nossos valores a fim de sermos governados por princípios absolutos. O Brasil virou as costas para Deus. Mergulhou de cabeça numa rebelião contra o Altíssimo. Nossa sociedade rendeu-se ao materialismo. O egoísmo desmedido impera. O hedonismo, a busca desenfreada pelo prazer, desfralda suas bandeiras. A grande mídia propositadamente induz a nação ao pecado, atacando com rigor desmesurado os pilares que devem sustentar a família e a nação. Os fundamentos estão sendo destruídos. A perversão moral prevalece desde o topo da pirâmide social à sua base. O descalabro moral não é apenas tolerado, mas aplaudido. Há uma inversão de valores desfilando garbosamente sob os aplausos de muitos e o omissão criminosa de outros. O nome de Deus é escarnecido sem qualquer pudor. A lei de Deus é vilipendiada sem qualquer temor. O Brasil esqueceu-se de que o pecado é opróbrio das nações. Estamos colhendo os frutos amargos dessa semeadura maldita. Estamos recebendo de volta em medida recalcada e transbordante o que semeamos. Somos os únicos culpados pelo nosso infortúnio.
É tempo da nação brasileira se arrepender de seus pecados. É tempo dos políticos que se curvaram à sedução da riqueza ilícita cobrir o rosto de vergonha e temer a Deus e amar o povo em vez de desonrar a Deus e explorar o povo. É tempo do povo ser mais responsável na escolha de seus líderes. É tempo dos grandes canais de comunicação estarem a serviço do bem e não do mal, ensinando preceitos de vida e não doutrinando a nação a abraçar o relativismo ético. É tempo das famílias se voltarem para Deus em vez de dar guarida aos sórdidos desvios morais que achacam a nação brasileira. É tempo da igreja se humilhar sob a poderosa mão de Deus e emendar os seus caminhos. É tempo do povo de Deus clamar aos céus por um tempo de restauração. O que Deus disse ao rei Salomão no passado é oportuno para os nossos dias: “Se o meu povo, que se chama pelo nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter de seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.14).
Rev. Hernandes Dias Lopes
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