Uma igreja fiel e relevante
A igreja de Deus é composta de todos aqueles que, em todos os tempos, em todos os lugares e de todas as etnias foram chamados por Deus, para crerem no seu Filho, pela ação do Espírito Santo, para herdarem a vida eterna. Essa igreja não se restringe a nenhuma denominação religiosa. Suas fronteiras transcendem os limites geográficos. Todos aqueles que creem em Cristo Jesus, são batizados pelo Espírito, no corpo de Cristo, e passam a fazer parte da família de Deus. Há uma só igreja, um só rebanho, um só povo.
Essa igreja formada de judeus e gentios é a noiva do Cordeiro, a vinha de Deus, o rebanho de Cristo, o edifício feito não por mãos, o santuário do Espírito, onde ele habita. Essa igreja é sal da terra e luz do mundo. Seu chamado é para andar com Deus e glorificá-lo através de uma vida de obediência e fidelidade. Ela é coluna e baluarte da verdade num mundo de cegueira espiritual. É embaixadora da reconciliação num mundo marcado pela segregação e pelo ódio. Sua mensagem é de arrependimento num mundo mergulhado no caudal do pecado. Sua voz brada com senso de urgência num mundo que dorme o sono da morte.
Para cumprir o seu papel na história a igreja precisa ser fiel. Se ela abandonar seu compromisso com Deus, torna-se sal sem sabor. Se calar sua voz, torna-se uma luz debaixo do alqueire. Se ela fizer amizade com o mundo, torna-se inimiga de Deus. Se conformar-se com o presente século, perde seu testemunho e acaba sendo condenada com o mundo. A igreja precisa ser fiel à palavra de Deus para andar na verdade e pregar a verdade. Mudar a mensagem para agradar os homens é incorrer em anátema. Tornar a mensagem mais açucarada para agradar aos ouvidos incircuncisos é atentar contra o Todo-poderoso. Pregar o que as pessoas querem ouvir é cair nas malhas de um pragmatismo antropolátrico. Imitar o mundo para agradar o mundo ou receber dele sua aprovação é assinar seu próprio atestado de óbito.
A igreja precisa ser, também, relevante. Ela precisa estar no mundo sem ser do mundo. Precisa pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisa falar e fazer. Precisa anunciar o amor de Deus a um mundo no estertor da morte e demonstrá-lo com atos de misericórdia. Precisa demonstrar sua fé através de suas obras. A igreja precisa ir lá fora onde as pessoas estão em vez de apenas esperar que elas venham onde nós estamos. A igreja relevante não é sal no saleiro, mas atua com graça e compaixão fora dos portões, levando o pão da vida aos famintos, a água da vida aos sedentos, a esperança da salvação aos perdidos, o braço estendido da misericórdia aos que jazem prostrados e feridos à beira do caminho.
A igreja fiel é ortodoxa e a igreja relevante é ortoprática. A igreja fiel levanta a bandeira da doutrina certa e a igreja relevante põe em prática a doutrina cerca. A igreja fiel tem luz na mente e a igreja relevante tem fogo no coração. A igreja fiel goteja do púlpito a doutrina pura, a igreja relevante destila de suas mãos os atos de misericórdia. A igreja fiel tem uma relação vertical correta e a igreja relevante demonstra isso ao mundo através de uma relação horizontal adequada. Ortodoxia desacompanhada de ação torna-se academicismo teológico árido; ação de misericórdia sem ortodoxia torna-se assistencialismo humanista. Não podemos cair num extremo nem noutro. Precisamos manter juntos o que nunca pode ser separado: ortodoxia e ortopraxia, teologia e ética, doutrina e vida, credo e conduta, palavra e ação. O apóstolo João, em sua primeira epístola, deixa claro que um verdadeiro cristão é conhecido por três provas: A prova doutrinária, a fé em Jesus como Filho de Deus; a prova moral, a obediência aos mandamentos de Jesus; e a prova social, o amor ao próximo como evidência de nosso amor por Deus. A igreja não é uma torre de marfim, confortavelmente discutindo seus postulados doutrinários entre quatro paredes, mas uma agência do reino de Deus, pregando o evangelho e demonstrado o amor de Cristo, lá fora onde os pecadores estão. Oh, que Deus nos ajude a ser uma igreja fiel e relevante!
Rev. Hernandes Dias Lopes