Por que devemos ser dizimistas ainda hoje?
O dízimo é uma prática antiga. No registro bíblico, o dízimo é mencionado pela primeira vez em Gênesis 14.20, quando Abraão o pagou a Melquisedeque. Depois, o dízimo teve continuidade no sacerdócio levítico (Lv 27.30; Dt 14.22-29; 18.1-8). No Novo Testamento, a prática do dízimo foi referendada por Cristo (Mt 23.23) e também pelos apóstolos (1Co 9.7-14). A Carta aos Hebreus, entretanto, é aquela que oferece o mais sólido argumento teológico para a contemporaneidade dos dízimos (Hb 7.1-10).
A Epístola aos Hebreus é a chave hermenêutica para se compreender o propósito do Antigo Testamento. Nenhum livro da Bíblia é mais importante do que esta Epístola para se compreender a transição da antiga para a nova aliança e do sacerdócio da ordem levítica para o sacerdócio de Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque. O Velho Testamento era a preparação; o Novo Testamento é a consumação. O Velho Testamento era a sombra; o Novo Testamento é a realidade. O Velho Testamento falou do Cristo da profecia; o Novo Testamento apresenta o Cristo da história. O autor da carta aos Hebreus afirma que o sacerdócio de Melquisedeque é anterior e superior ao sacerdócio levítico. O sacerdócio levítico é temporário, o sacerdócio de Melquisedeque é eterno. O sacerdócio da ordem levítica era interrompido pela morte, o sacerdócio da ordem de Melquisedeque dura para sempre. O sacerdócio da ordem levítica era realizado por homens imperfeitos, oferecendo sacrifícios imperfeitos, em favor de homens imperfeitos. O sacerdócio da ordem de Melquisedeque, porém, tem um sacerdote perfeito, que ofereceu um sacrifício perfeito, para santificar homens imperfeitos rumo à perfeição.
Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, rei de Justiça e de Paz. Levi, bisneto de Abraão, estava nos lombos de Abraão, quando este pagou dízimos àquele. Logo, o próprio Levi pagou dízimos a Melquisedeque. Abraão, o pai da nação de Israel, é maior do que Levi, o cabeça da tribo dos levitas; e Melquisedeque é maior do que Abraão. Se Abraão e Levi pagaram dízimos a Melquisedeque, logo, ambos são inferiores a Melquisedeque. Muito embora a ordem levítica, que recebia os dízimos do povo, tenha encerrado seu ciclo, e não haja mais altar, nem sacrifícios, nem sacerdotes, a ordem de Melquisedeque continua eternamente. Cristo é sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque. Ali os dízimos eram entregues a sacerdotes mortais, mas aqui, são entregues àquele sacerdote de quem se testifica que vive. Ele é sacerdote para sempre (Hb 7.8).
O sacerdócio da ordem levítica era apenas uma sombra do sacerdócio da ordem de Melquisedeque. Cristo enquanto viveu na terra nunca entrou no templo para oferecer sacrifícios, porque somente os descendentes da tribo de Levi podiam exercer o sacerdócio e Cristo era da tribo de Judá. Porém, Cristo, sendo de uma ordem superior, ou seja, a ordem de Melquisedeque, ofereceu-se a si mesmo como sacrifício perfeito e depois de consumar nossa redenção, entrou no santuário celeste, o verdadeiro santuário, do qual o santuário da terra era apenas uma cópia. O sacerdócio da ordem de Levi era temporário, e passou; o sacerdócio da ordem de Melquisedeque é eterno, e está em vigência. Aquele era provisório; este é permanente. Aquele era imperfeito; este é perfeito. Aquele tinha sucessores; este não teve predecessores nem sucessores.
O dízimo, portanto, existiu antes e depois do sacerdócio da ordem levítica, ou seja, no sacerdócio da ordem de Melquisedeque. O sacerdócio da ordem de Levi acabou, a prática do dízimo não. O dízimo se perpetuou, não na ordem levítica, mas na ordem de Melquisedeque. Abraão, o pai dos crentes, pagou dízimo a Melquisedeque, tipo de Cristo; nós, filhos de Abraão, pagamos dízimos a Cristo, de quem Melquisedeque era tipo. Deus não mudou. Sua palavra também não. A prática do dízimo não mudou. Os crentes, filhos de Abraão, têm essa grande responsabilidade e esse imenso privilégio!
Rev. Hernandes Dias Lopes