A gloriosa doutrina da eleição
“Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef 1.4).
A doutrina da eleição não provém de especulação humana, mas da revelação divina. Não é uma doutrina criada pela igreja, mas dada a ela para seu deleite espiritual. Muita embora essa tem sido uma verdade pouco compreendida e fortemente resistida, constitui-se num dos pilares da fé cristã ao longo dos séculos. Patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, reformadores, puritanos, e fiéis servos do Senhor ao longo dos séculos têm erguido essa tremulante bandeira. A doutrina da eleição longe de estimular a desídia ou o descuido espiritual, incentiva a santidade (2Ts 2.13). Longe de apagar o ímpeto evangelístico da igreja, é sua garantia de pleno êxito. O apóstolo Paulo foi encorajado a pregar em Corinto, porque Deus tinha muito povo naquela cidade (At 18.10). Algumas verdades devem ser aqui enfatizadas, em relação a esse magno assunto:
1. O autor da eleição (Ef 1.4). Deus é o autor da eleição (2Tm 1.9). Não é o homem quem escolheu a Deus, é Deus quem escolhe o homem (Jo 15.16) Não fomos nós quem amamos a Deus primeiro, foi ele quem nos amou com amor eterno e nos atraiu com benignidade (1Jo 4.10; Jr 31.3). Nosso amor por Deus é apenas um refluxo do fluxo de seu amor por nós. Deus não nos escolheu porque previu que nós iríamos crer em Cristo; nós cremos em Cristo porque nos Deus nos destinou para a vida eterna (At 13.48). A fé não é a causa de nossa eleição, mas o seu resultado. Jesus foi enfático: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44).
2. O agente da eleição. Deus nos escolheu em Cristo (Ef 1.4). Não há eleição fora de Cristo nem redenção fora de sua obra vicária. A eleição divina não excluiu a obra expiatória de Cristo, realizada na cruz. Ao contrário, ele morreu por todos aqueles que o Pai lhe deu antes da fundação do mundo. Jesus morreu pelas suas ovelhas (Jo 10.11). Ele comprou a igreja com o seu sangue (At 20.28). Sua morte não apenas possibilitou nossa salvação, mas sobretudo garantiu nossa salvação, pois ele morreu como nosso substituto. Ele morreu em nosso lugar, em nosso favor, para nos dar a vida eterna. Jesus garante salvação a todos aqueles que recebeu do Pai: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37).
3. O tempo da eleição (Ef 1.4). Deus nos escolheu em Cristo para a salvação e isso antes da fundação do mundo, antes dos tempos eternos (2Tm 1.9). O universo ainda dormia na mente de Deus, nos refolhos da eternidade, quando Deus já havia colocado o seu coração em nós e nos escolhido em Cristo (Rm 8.29,30). A eleição divina, portanto, é incondicional. Deus não nos escolheu por qualquer mérito que em nós pudesse existir, pois nem nós ainda tínhamos vindo à existência. A base da eleição não é o mérito humano, mas a graça divina. Não fomos eleitos por causa de nossa fé, mas para a fé. Não fomos eleitos porque cremos; cremos porque fomos eleitos.
4. O propósito da eleição (Ef 1.4). Deus nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis. Deus nos escolheu para a santidade e não por causa dela. Deus nos escolheu para as boas obras e não em virtude delas (Ef 2.10). A eleição divina precisa ser confirmada e a única maneira de fazê-lo é demonstrando uma vida de santidade. A doutrina da eleição longe de servir de base para uma vida mundana, é o fundamento de uma vida santa. Somos eleitos para a fé (At 13.48). Somos eleitos para a santidade (Ef 1.4). Somos eleitos para a obediência (1Pe 1.2). Somos eleitos para as boas obras (Ef 2.10). Concluo, portanto, dizendo que em vez de ficarmos especulando sobre essa verdade bíblica, deveríamos nos humilhar sob a poderosa mão de Deus, dando a ele toda a glória por sua graça inefável, que por amor de nós, não poupou o seu próprio Filho, antes o entregou para ser nosso Redentor.
Rev. Hernandes Dias Lopes