Um projeto arrogante, um juízo certo
A torre de Babel é um emblema da arrogância humana e do juízo divino. Ninrode edificou um império e fundou cidades-estados (Gn 10.8-12). Essa geração ímpia, quis tornar o seu nome célebre e inverter o propósito de Deus de repovoar a terra (compare Gn 9.1 com Gn 11.4). Desse episódio podemos tirar duas lições:
1. O humanismo idolátrico sempre alimenta projetos arrogantes (Gn 11.1-4). O texto bíblico nos informa que os homens se uniram não para construir uma cidade e uma torre, mas para construir uma cidade e uma torre em rebelião contra Deus. Seus planos excluem a Deus e estão em oposição a Deus. Eles se unem não para cumprir o projeto divino, mas para substituir o plano de Deus pelos seus projetos. Querem banir Deus e se colocarem no centro da história. Eles não apenas se opõem a Deus, mas querem ser como Deus e até mesmo ocupar o lugar de Deus. Quais foram suas motivações? Primeiro, notoriedade (Gn 11.4a). Querem tornar célebre o seu nome. Querem fama. Desejam os holofotes. Aspiram ser o centro de todas as coisas. O antropocentrismo idolátrico não morreu. Está em voga em nossa geração. As nações têm virado as costas para Deus e tentado banir Deus de sua história. Têm substituído Deus por outros deuses. Mais do que isso, têm escarnecido do nome de Deus e cultuado a si mesmos. Segundo, contrariar a vontade de Deus (Gn 11.4b). A ordem de Deus era para encher a terra, ou seja, uma visão centrífuga e eles não querem ser espalhados, por isso, adotaram uma perspectiva centrípeta. Sempre que o homem tenta estabelecer seus próprios planos fora da vontade de Deus, invertendo o projeto de Deus, demonstra sua desobediência arrogante e sua jactância demoníaca (Tg 4.16). Terceiro, estabelecer uma nova religião (Gn 11.4). É óbvio que os construtores não eram tão tolos a ponto de pensar que poderiam construir uma torre cujo topo chegasse literalmente até aos céus. Essa torre era um zigurate, um monumento com propósito religioso, a fim de estabelecer contato com os deuses e buscar orientação nos astros. A torre de Babel é um símbolo da apostasia declarada e afrontosa. É a tentativa de tirar Deus do centro da vida e colocar em seu lugar outros deuses.
2. O juízo de Deus é inevitável aos que arrogantemente desafiam seu poder (Gn 11.5-9). Os homens de Babel fizeram uma torre para os deuses descerem, mas quem desceu foi o Deus Todo-poderoso, o Deus da aliança, para exercer sobre eles o seu juízo. Deus entra em conselho com as pessoas da Trindade (Gn 11.5,6) para frustrar aquele projeto arrogante. Como Deus exerceu o seu juízo? Primeiro, confundiu a linguagem deles (Gn 11.7). Até então, havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar (Gn 11.1). Ao confundir a linguagem deles, não puderam mais entender uns aos outros. Sua comunicação foi interrompida. Seus planos foram frustrados. Sua soberba foi golpeada. Sua arrogante pretensão tornou-se nula. Deus desbancou, num só golpe, tanto o humanismo idolátrico como o panteão dos deuses que queriam invocar a partir de sua torre malfadada. Segundo, dispersou-os pela superfície da terra (Gn 11.8,9), impedindo que eles continuassem a edificar a cidade da rebelião. É impossível lutar contra Deus e prevalecer. A torre de Babel é um símbolo da soberania inquestionável de Deus, que ao mesmo tempo que exerce seu juízo, também demonstra sua misericórdia. Deus os dispersou para que não tivessem todos que perecer nesse ajuntamento de rebelião e apostasia. A dispersão ao mesmo tempo que foi um juízo divino, foi também uma demonstração de que o plano de Deus não pode ser frustrado e que sua graça triunfará. Deus formará uma nova nação a partir de Abraão, e por meio dele todas as famílias da terra serão abençoadas.
Rev. Hernandes Dias Lopes