A importância da lei de Deus
Certamente você já ouviu ou leu a seguinte afirmação: “Estamos no tempo da Graça (Novo Testamento), a Lei é algo do passado (Antigo Testamento) e, portanto, sem nenhum valor para nossos dias”. Tal afirmação não corresponde à verdade. No Antigo Testamento tínhamos lei e graça atuando concomitantemente da mesma forma que hoje temos no Novo Testamento.
Ao longo da História muitos debates foram travados objetivando estabelecer o lugar da lei de Deus dentro do Cristianismo. Dois movimentos nocivos ao entendimento de tão relevante tema são: o legalismo e o antinomismo.
Legalismo: sustenta que o homem é aceito e justificado por Deus como resultado de sua obediência à lei. A obediência não é fruto do favor de Deus e sim mérito humano. Tal ensino contraria frontalmente as Escrituras (“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gálatas 3.11).
Antinomismo: Antiga heresia que ensina que a lei não tem qualquer aplicação sobre a vida de um cristão. Sua violenta aversão à lei conduz seus defensores a uma vida sem controle e completamente rendida à libertinagem (“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade” – 2 Pedro 2.1-2).
No Antigo Testamento identificamos três usos da lei divina (Confissão de Fé de Westminster – capítulo XIX) e todos os tipos refletem a sabedoria, santidade, fidelidade e amor do Deus Todo Poderoso. São eles:
Lei Civil: legislação outorgada à sociedade de Israel estipulando os crimes e suas respectivas consequências (Êxodo 21-22). O objetivo da lei civil era normatizar o estado teocrático de Israel, portanto, não possui aplicabilidade para as modernas sociedades.
Lei Cerimonial: rica em detalhes, seu objetivo era regulamentar a prática dos sacrifícios e os cuidados com o templo (Êxodo 37-39). Seu caráter tipológico (apontando para o Messias) deixa claro que sua vigência limitou-se à vinda de nosso glorioso Salvador, Jesus Cristo.
Lei Moral: Esta lei, comumente conhecida como “Os Dez Mandamentos” (Deuteronômio 4.13; 10.4), apresenta de forma clara e inequívoca a vontade do Senhor para o ser humano, revela seus deveres e suas necessidades, contribuindo decisivamente para o discernimento entre o bem e o mal. Alei moral não perdeu a sua força e aplicabilidade em nossos dias, quem a observa demonstra amor para com Deus e evidencia ser nova criatura (Jeremias 31.31-34; Jo 14.15,21).
A lei moral nos ensina como Deus deseja que nos relacionemos com ele (do primeiro ao quarto mandamento) e também como devemos nos relacionar com o nosso próximo (do quinto ao décimo mandamento). Certamente o estudo da lei do Senhor produzirá em nós o mesmo sentimento que produziu no salmista (“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo dia! – Salmo 119.97). Portanto, não sejamos negligentes com tão sublime manifestação da graça de Deus. Os que amam a lei do Senhor têm grande paz; para eles não há tropeço (Salmo 119.165).
Rev. Jailto Lima do Nascimento