A autoridade de Jesus no ensino

Em Mateus 7. 28-29, está registrado: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”. A pergunta que podemos fazer é essa: Que tipo de autoridade foi descrita pelo evangelista Mateus? Ou qual era o fundamento dessa autoridade no ensinamento de Cristo? Para podermos responder, precisamos fazer algumas definições preliminares:

1. Quando o texto diz “…acabando de proferir estas palavras…”, é que Jesus havia pregado o seu famoso e magnífico “sermão da montanha”, explicando, ilustrando e aplicando ao coração dos ouvintes. (Olyott)

2. O vocábulo “autoridade” (exousia) utilizado por Mateus abarca também o significado de “poder” tanto no modo de ensinar quanto no conteúdo do ensino.

3. O ensino dos escribas limitava-se, como diz Carson, “às autoridades que mencionavam, e grande parte do treinamento deles era centrada na memorização das tradições recebidas”. Hale chega a dizer que “tudo era feito de memória e passado de geração para geração, pelos rabis e pelos escribas”.

O texto bíblico acima descreve um contraste entre o ensino de Cristo e o ensino dos escribas. O relato mostra as multidões maravilhadas (fora de si ou assombradas) com o sermão do mestre, porque ele ensinava com autoridade. Já o ensino dos escribas não causava nenhum impacto nos ouvintes, pois era fundamentado na tradição oral legada através das gerações. A diferença nevrálgica é que no seu ensino, Cristo falava com autoridade própria e não por meio da autoridade de outros. Jesus não foi um profeta comum que diz: “Assim diz o Senhor”. Ele falava na primeira pessoa e afirmava que seu ensinamento cumpria o Antigo Testamento. Portanto, a autoridade de Jesus era única (Carson). Como exemplo, veja o realto de Mateus 5. 21-22: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e Quem matar estará sujeito a julgamento. EU, PORÉM, VOS DIGO que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”. Jesus vai além da superficialidade da interpretação escribal; o mestre interpreta a Escritura na sua essência dizendo, de maneira antitética, que o assassinato vai muito além do assassinato factual, porque podemos matar o nosso próximo com a nossa fala encolerizada, podemos assassinar sonhos, desejos, intenções; podemos por meio dos nossos lábios, dilacerar e matar a estima dos nossos irmãos. Como consequência de nossa fala impensada, estaremos diante do tribunal divino e “prestaremos contas” de cada palavra proferida (Mateus 12. 36-37). Portanto, meus irmãos, a base da autoridade de Jesus no ensino, utilizando as palavras de Carson, é que “toda a abordagem de Jesus no Sermão do Monte não é só ética, mas também messiânica, ou seja, cristológica e escatológica”. Como diz o próprio Cristo: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mateus 5.20).

Rev. Marcus Nolasco de Abreu

2 thoughts on “A autoridade de Jesus no ensino

  • 22 de maio de 2017 em 13:08
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    Excelente texto, muito esclarecedor. A demonstração das passagens bíblicas torna o artigo sério e digno de confiança.

    Inclusive se possível gostaria de ter acesso a textos semelhantes,

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  • 7 de agosto de 2020 em 12:53
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    o intrigante é o verso 28, pois não deixa claro se Jesus falava somente aos seus discipulos, ou à multidão, já que no capitulo 5:1, fica claro que ele falava aos discipulos sentados proximos dele, e a dúvida seria se todo o sermão do monte foi dito somente aos discipulos ou houve participação e audição da multidão também?

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