Arrogância, a porta de entrada do fracasso

A arrogância é um sentimento tolo. Somente aqueles que não sabem quem são cultivam pensamentos soberbos. Mas ninguém pode conhecer a si mesmo sem antes conhecer a Deus. O conhecimento de Deus é o primeiro passo para o autoconhecimento. Se o homem desconhece a Deus, projeta-se a si mesmo além do que convém. Infla sua vaidade ao extremo e sente-se maior e melhor do que de fato é. Quanto mais o indivíduo conhece a Deus, mais conhece a si mesmo. Quanto mais se aproxima do Todo-poderoso, mais reconhece sua fraqueza. Quanto mais compreende a grandeza insondável daquele que a tudo vê, tudo sonda e a todos conhece, mais cônscio fica de sua total carência da graça. Destacaremos três tipos de arrogância:

1. A arrogância intelectual. A arrogância intelectual é uma tolice inominável. A arrogância do saber é uma prova incontestável da ignorância mais tosca. O que não sabemos é muito maior do que o que sabemos. O que não sabemos é um universo inesgotável diante das coisas diminutas que sabemos. O sábio é aquele que quase nada sabe. O tolo arrota saber, estadeia conhecimento e faz propaganda de sua erudição. O sábio, porém, perplexo, se humilha diante da imensidão vastíssima do que se deve saber e das gotas diminutas do que se sabe. Os soberbos, como um restolho, só têm sabugo e palha, porém, jamais se curvam humildemente diante de Deus. Aqueles, entretanto, que buscam o saber, quanto mais se aprofundam no conhecimento, mais humildes se tornam e menos fazem propaganda de sua erudição, porque vivem extasiados diante da majestade de Deus e de suas obras.

2. A arrogância moral. A arrogância moral é outra destacada tolice. Proclamar suas próprias virtudes e aplaudir seus próprios feitos é de uma mediocridade sem tamanho. Só aqueles que vivem nas sombras lôbregas da ignorância moral podem exaltar a si mesmos e construir monumentos a si mesmos. Quanto mais conhecemos a santidade de Deus, mais cônscios ficamos de nossa miserável condição de pecadores. Quanto mais sondamos as profundezas de nossa alma, mais cientes ficamos das nódoas que maculam nosso íntimo. Conhecer a Deus e viver em sua presença é prostrar-se com o rosto no chão, e ter um senso profundo de nossa miserabilidade. Só a luz daquele que proclamou a si mesmo como a luz do mundo pode devassar os corredores escuros do nosso coração. Só diante dele temos consciência de que nossas justiças não passam de trapos de imundícia.  Só quando nos vemos despojados de justiça própria podemos desejar ser revestidos de sua justiça.

3. A arrogância espiritual. A arrogância espiritual é loucura consumada. Só um fariseu hipócrita ostenta o verniz de sua espiritualidade fajuta e aplaude suas próprias virtudes ao mesmo tempo que reprova, de forma ácida, os delitos das pessoas que vivem à sua volta. Os homens mais piedosos são aqueles que mais choram pelos seus pecados. Os soberbos, todavia, gabam-se de virtudes que nunca tiveram. Os humildes, reconhecem-se pobres e carentes da graça; os soberbos colocam-se no pedestal da santidade, para se vangloriar em sua justiça própria. Os arrogantes estadeiam sua santidade externa ao mesmo tempo que escondem seu coração cheio de rapina. Falam de seus feitos ao mesmo tempo que escondem suas perversas motivações. Proclamam sua própria piedade ao mesmo tempo que denunciam, sem piedade, os pecados dos outros. Os soberbos são resistidos por Deus, mas os humildes são por ele exaltados. Não exalte a si mesmo, antes, humilhe-se sob a poderosa mão de Deus. Não drapeje a bandeira de suas obras. Ao contrário, faça o bem sem olhar a quem, e ordene que sua mão esquerda esqueça-se do que fez a sua mão direita. Não queira receber a glória que só pertence a Deus. Ao fazer o bem, faça-o para a glória de Deus e para o bem de seu próximo. Lembre-se, você não é o centro do universo, Deus é. Portanto, busque em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça. Não busque seus próprios interesses, mas também o que é dos outros. Viva de forma piedosa diante de Deus e de forma justa diante dos homens!

Rev. Hernandes Dias Lopes

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