Eleição incondicional, o glorioso mistério do amor divino
INTRODUÇÃO
1. Não fomos nós que escolhemos a Deus, foi ele quem nos escolheu. Não fomos nós que amamos a Deus primeiro, mas foi ele quem nos amou primeiro. Antes dos tempos eternos Deus já havia nos conhecido, nos amado e afeiçoado-se a nós. A eleição é uma das verdades mais consoladoras das Escrituras.
2. Jacó foi escolhido por Deus antes de nascer. O apóstolo Paulo diz: “E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama). Já fora dito a ela: o mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Rm 9:11-13).
3. Deus não escolheu Jacó por causa dos seus privilégios legais. Ele não era o primogênito.
4. Deus não escolheu Jacó por causa do seu caráter. Ele era um mentiroso, um enganador.
5. Deus não escolheu Jacó por causa das suas obras ou méritos. Ele ainda nem havia nascido, quando Deus o escolheu. Na verdade, a eleição é incodicional. O apóstolo Paulo diz que “Deus nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Tm 1:9).
6. A eleição divina é: 1) Eterna; 2) Soberana; 3) Livre; 4) Incondicional; 5) Graciosa; 6) Em Cristo.
7. Não fomos eleitos por causa das nossas boas obras, mas para as boas obras. As obras não são a causa, mas a consequência da nossa eleição (Ef 2:10).
8. Não fomos eleitos por causa da nossa santidade, mas para a santidade (Ef. 1:4).
9. Não fomos eleitos por causa da nossa fé, mas para a fé (At 13:48).
10. Não fomos eleitos porque elegemos a Deus. Foi ele quem nos escolheu (Jo 15:16).
11. Não fomos eleitos porque amamos a Deus. Foi ele quem nos amou primeiro.
• Essa gloriosa doutrina da eleição divina que revela que Deus nos amou na eternidade e se afeiçoou a nós e pôs em nós o seu coração amoroso, nos escolhendo para ele, para sermos objetos do seu prazer e deleite, é vista de forma eloquente na vida de Jacó.
• Em Jacó aprendemos quatro lições:
A. Deus escolhe soberanamente – Jacó foi escolhido antes de nascer. A causa do amor eletivo de Deus é um sublime mistério. Jacó não tinha em si mesmo razões que pudesse despertar o prazer de Deus. Mas, mesmo assim, Deus o escolhe. Assim, também, Deus nos escolheu, mesmo sendo nós pecadores.
B. Deus abençoa incompreensivelmente – Jacó fugia da sua casa depois de mentir para seu pai, trair seu irmão e blasfemar contra Deus. Em vez de destruí-lo, Deus o abençoa e lhe faz promessas gloriosas em Betel. Deus não nos trata segundo os nossos pecados, mas consoante a sua muita misericórdia.
C. Deus salva miraculosamente – Vinte anos depois de Betel, Jacó volta para a sua terra. É um homem rico, mas ainda não salvo. É um patriarca bem sucedido, mas ainda nas trevas. O mesmo Deus que tomara a iniciativa de abençoá-lo em Betel, agora toma a iniciativa para salvá-lo em Peniel. Aqueles que Deus predestina, Deus chama e aqueles que Deus chama, Deus justifica.
D. Deus restaura graciosamente – Mesmo depois de salvo, Jacó tropeça e desobedece a Deus. Em vez de ir para Betel, ele foi para Siquém e ali armou a sua tenda. Sua atitude foi a mesma de Ló indo para Sodoma. A disciplina de Deus não tardou. Sua família foi desonrada em Siquém. Uma tragédia desabou sobre a vida de Jacó. Ele estava agora debaixo de opróbrio. Deus mais uma vez toma a iniciativa. O que Deus abençoa e salva é também o Deus que restaura. Deus lhe aparece e lhe diz: Sobe para Betel e em Betel ele Jacó foi restaurado. Vejamos na vida de Jacó três capítulos fundamentais:
I. BETEL, O LUGAR ONDE JACÓ CONHECE O DEUS DE SEUS PAIS – 28:13
1. Jacó era um eleito de Deus, mas ainda não conhecia a Deus pessoalmente. Ele ainda estava na estrada da fuga. Jacó era um eleito, mas não confiava na providência divina, por isso, em vez de confrontar o seu pai acerca do propósito de Deus, mente para seu pai acerca do seu nome (27:18-19); da comida (27:19); de Deus (27:20); de sua identidade e do seu amor (27:24-27).
2. Jacó se tornou um enganador, um mentiroso, um farsário, um retrato do seu nome. Ele lidava com as coisas de Deus, mas sem temor de Deus. Ele era um patriarca, mas não conhecia a Deus pessoalmente. Uma coisa é crescer na igreja, pertencer a um lar crente, ler a Bíblia e ser membro da igreja, outra coisa é ser nova criatura.
3. Quando Deus apareceu para Jacó em Betel, disse-lhe: “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque…” (28:13). Deus não lhe disse: “Eu sou o teu Deus”. Deus até então, não era o seu Deus. O conhecimento de Jacó acerca de Deus era apenas uma de fé uma intelectiva. Essa é uma fé morta. Tiago fala de três níveis de fé: 1) A fé morta – racional; 2) A fé dos demônios – racional e emocional; 3) A fé dos eleitos – uma fé viva que produz obras.
4. Oh! terrível possibilidade de Deus ser apenas o Deus dos nossos pais e não o Deus da nossa vida. Deus toma a iniciativa e revela-se a Jacó. Faz-lhe promessas:
a) Deus está perto dele – v. 13,15
b) Os anjos de Deus o assistem – v. 12
c) Deus lhe promete proteção e direção – v. 15
d) Deus lhe promete bênçãos temporais –v. 14-15 (prosperidade, descendência numerosa e descendência abençoada).
5. Talvez você ainda esteja neste estágio. Você tem visões da presença de Deus. Você levanta altares a Deus. Você sabe que este lugar é a Casa de Deus e a porta do céu. Você caminha sob a graça comum de Deus: prosperidade, família, segurança. Mas Deus ainda não é o Deus da sua salvação. Ele é apenas o Deus dos seus pais.
6. Oh! você filho de pais crentes, você que nasceu num berço evangélico, você que conhece a Casa de Deus – você já conhece o Deus da Casa de Deus? Você já conhece a Deus? Ele é o Deus da sua vida e o Deus da sua salvação?
II. PENIEL, O LUGAR ONDE JACÓ CONHECEU O DEUS DA SUA SALVAÇÃO – 32:30
1. Jacó já lutara com seu irmão, com seu pai, com o seu sogro; mas, agora, Jacó precisa lutar com Deus. E é Deus quem toma a iniciativa da luta. Jacó é um homem rico, próspero. Ele tem muitos filhos. As bênçãos da graça comum o alcançaram. As promessas de Deus feitas em Betel se cumpriram em sua vida. Ele sabe que Deus é bom. Mas Jacó ainda não é um homem salvo. A vida de Jacó nos revela duas gloriosas verdades:
a) A eleição de Deus é incondicional – Deus ama a Jacó, apesar de Jacó
1) Deus escolheu Jacó, antes dele nascer (Gn 25:23; Ml 1:2; Rm 9:11) – Deus nos escolheu na eternidade. Nossa salvação foi planejada na eternidade. Não foi um plano traçado de última hora. Antes de Deus lançar os fundamentos da terra, ele já havia nos conhecido, nos amado e nos predestinado para sermos semelhantes ao seu Filho.
2) Deus amou a Jacó, apesar dos seus pecados (Gn 25:23) – O nome de Jacó era um retrato da sua personalidade: Jacó significa enganador, mentiroso. Ele enganou o seu pai e o seu irmão. A despeito de quem ele era, Deus o escolheu. Mesmo Deus nos conhecendo como somos, ele ainda nos ama. Isso é um glorioso mistério!
3) Deus toma a iniciativa para salvar Jacó (Gn 32:24) – É o anjo que luta com Jacó e não Jacó com o anjo. A salvação começa em Deus e termina em Deus. Só podemos ir a Cristo, porque somos arrastados com cordas de amor.
4) Deus não desiste de Jacó, apesar da sua resistência (Gn 32:24-25) – Oh! o que seria de Deus nós se Deus se apartasse de nós, por causa da dureza do nosso coração, da nossa resistência à operação transformadora do seu Espírito.
5) Deus feriu a Jacó para não perdê-lo para sempre (Gn 32:25) – Quem não vem pelo amor, vem pela dor. Deus moverá os céus e a terra para salvar aqueles a quem ele amou desde a eternidade.
b) A eleição de Deus não é apenas incondicional, mas a graça de Deus também é irresistível – Deus salva Jacó apesar da resistência de Jacó
1) Jacó reconheceu a sua necessidade de salvação (Gn 32:26) – Ele se agarrou ao Senhor e disse: “Eu não te deixarei ir se tu não me abençoares”.
2) Jacó chorou buscando a transformação da sua vida (Os 12:4) – O coração do velho Jacó agora se derrete. A resistência acaba. O homem endurecido se quebranta. Aquele que era crente apenas de nome, agora de dobra e chora diante de Deus.
3) Jacó confessou o seu pecado a Deus (Gn 32:27) – Deus lhe pergunta qual é o seu nome? A primeira vez que esta pergunta lhe foi feita (por Isaque) seu pai, ele mentiu dizendo ser Esaú. Agora, Deus lhe pergunta de novo. Não que o Senhor não soubesse o seu nome. Estava lhe dando a oportunidade para ele reconhecer o seu pecado, sua indentidade. Ele, então, disse: Eu me chamo JACÓ. Aquela não foi uma resposta, mas uma confissão.
4) Jacó viu a Deus face a face e foi salvo (Gn 32:30) – Não basta apenas ouvir falar de Deus, é preciso ver a Deus face a face. É preciso ter uma experiência com Deus. Não basta Deus ser o Deus dos seus pais, ele precisa ser o Deus da sua vida, da sua experiência, da sua salvação. Em Peniel Jacó encontrou-se com Deus e consigo mesmo e sua vida foi salva.
III. EL-BETEL, O LUGAR ONDE JACÓ CONHECEU O DEUS DA SUA RESTAURAÇÃO – 35:7
1. Os eleitos de Deus continuam sendo vasos de barro, sujeitos a serem quebrados – 33:18
• Os eleitos de Deus, muitas vezes fraquejam, tropeçam e caem. Abraão deixou mentiu no Egito, deixou de confiar na providência de Deus em relação ao nascimento do filho. Isaque mentiu na terra dos filisteus e deixou de confiar no plano de Deus para os seus filhos.
• Jacó desobedeceu a Deus em vez de ir para Betel (28:15), foi para Siquém. Armou suas tendas no mundo como Ló em Sodoma. Quando deixamos de ouvir a voz de Deus, ouvimos o chicote de Deus. Quando os filhos de Deus o desobecem, ficam debaixo da disciplina de Deus.
• Siquém deixou de ser lugar seguro para Jacó. Não há lugar seguro fora da vontade de Deus. Em Siquém a família de Jacó foi desonrada (Gn 34:1-2; 25-29).
• Em Siquém um desastre desaba sobre a família de Jacó. O patriarca está agora no fundo do poço (34:30): culpado, envergonhado, ameaçado.
• MAS DEUS MAIS UMA VEZ TOMA A INICIATIVA. Deus aparece a Jacó e lhe abre uma pora, o caminho da restauração:Sobe para Betel!
2. Os eleitos de Deus sempre ouvem a voz de Deus para serem restaurados (Gn 35:1-7)
a) Para ir a Betel é preciso subir (35:1) – Deus é quem toma a iniciativa novamente para restaurar Jacó. Subir exige esforço. Para subir não se pode levar bagagem extra. Jacó precisa precisa tirar o seu coração de Siquém e subir para Betel.
b) Para ir para Betel é preciso romper com toda prática de pecado e impureza (Gn 35:2,4) – Não podemos ter comunhão com Deus e com os ídolos ao mesmo tempo. Não podemos comparecer diante de Deus com mãos sujas nem com vestes contaminadas. “SE dissermos que temos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade” (1 Jo 1:6).
c) Para ir a Betel é preciso determinação (Gn 35:3) – Jacó convoca seus filhos. Ele está determinado a romper com o pecado. Ele quer se levantar. Está disposto a levantar novamente um altar ao Deus que o socorreu na sua aflição e o acompanhou no caminho por onde andou.
d) Em Betel Jacó recebeu o livramento de Deus (Gn 35:5-6) – Quando obedecemos a Deus, ele se torna o nosso escudo e proteção.
e) Em Betel Jacó é restaurado por Deus (Gn 35:7) – Jacó adora e Deus e levanta um altar: EL-BETEL. Agora Jacó conhece não apenas a Casa de Deus, mas o Deus da Casa de Deus. Betel deixou de ser apenas um lugar sagrasdo, para ser um encontro com o Deus vivo. Não basta estar na Casa de Deus, é preciso encontrar-se com Deus nesta casa. A palavra EL-BETEL significa – O Deus da casa de Deus ou eu te abençoou outra vez. Em El-Betel Deus restaura Jacó como restaurou Davi, Pedro e o filho pródigo. Deus diz para ele, filho a luta ainda não terminou, vamos começar tudo de novo. Eu te abençoou outra vez.
CONCLUSÃO
• Meu irmão, o Deus que escolheu você, não desiste de você. Aquele que começou a boa obra em você, a completará até o dia final. Ainda que uma mãe pudesse esquecer-se do seu filho que amamenta, Deus jamais se esqueceria de você. Aqueles que Deus justifica, ele também glorifica. Nada pode separar você do amor de Deus. Quando você cai, ele levanta você e abençoa você de novo.
• Deus não é apenas o Deus dos seus pais, mas também, o Deus da sua vida, o Deus da sua salvação e o Deus da sua restauração. Amém.
Rev. Hernandes Dias Lopes