Como acabar com as guerras

Referência: Tiago 4.1-12

INTRODUÇÃO

1. As guerras são uma realidade da vida a despeito dos acordos de paz. Há não apenas guerras entre as nações. Há também guerras nas denominações, guerras dentro das famílias e guerras dentro do nosso próprio coração.

2. Tiago diz que o nosso verdadeiro problema não está fora de nós, mas dentro de nós (v. 1; Mt 15:19-20).

3. A guerra do Peloponeso, que durou 27 anos, destruiu a Grécia no ápice da grande civilização que ela havia criado como resultado da Idade de Ouro de Atenas. Roma fez da guerra uma maneira de viver mas, apenas disso, foi vencida e destruída pelos bárbaros. Na Idade Média, a guerra varreu a Europa, culminando com os horrores da Guerra dos Trinta anos, terminada em 1648. Essa guerra é considerada o episódio militar mais horrível na história ocidental antes do século XX. Cerca de 7 milhões de pessoas ou seja, 1/3 dos povos de língua alemã morreram naquela guerra.

4. Na Primeira guerra Mundial 1914-1918 aproximadamente 30 milhões de pessoas pereceram. Todos ficaram horrizados. Mas dentro de vinte anos outra guerra foi lutada no mesmo anfiteatro, pelos mesmos participantes, por muitas das mesmas razões. A Segunda guerra mundial 1939-1945 resultou na perda de 60 milhões de vidas, enquanto os custos quadruplicaram de estimativa de 340 bilhões para 1 trilhão de dólares.

5. Assistimos a guerra fria entre comunismo e o capitalismo. Assistimos o maior massacre da história contra os cristãos através do comunismo. Assistimos sangrentas guerras tribais na África. Fratricidas guerras na Irlanda. Massacres no Oriente Médio. Hoje vemos o domínio bélico da América sobre seus rivais.

6. Essas guerras são uma projeção da guerra instalada no nosso próprio peito. Carregamos uma guerra dentro de nós. Desejamos o nosso próprio prazer à custa dos outros (v. 2). Em vez de lutar, devemos orar (v. 2-3).

7. Tiago descreve três tipos de guerras que enfrentamos:

I. EM GUERRA CONTRA AS PESSOAS – V. 1,11,12.

1. O Salmo 133:1 diz: “Oh como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”. Certamente os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes, eles vivem em guerra. Os pastores de Ló entraram em contenda com os pastores de Abraão. Absalão conspirou contra o seu pai Davi. Os próprios discípulos geraram tensões entre si perguntando para Jesus quem era o maior. As vezes, os membros da igreja entravam em contendas e levavam essas guerras para os tribunais (1 Co 6:1-8). Na igreja da Galácia os crentes estavam se mordendo e se devorando (Gl 5:15). Paulo escreveu aos crentes de Éfeso para preservaram a unidade no vínculo da paz. Na igreja de Filipos duas mulheres líderes da igreja estavam em desacordo (Fp 4:1-3).

2. Tiago já havia denunciado a guerra de classes (2:1-9). Os ricos recebiam toda a atenção e os pobres eram ignorados. Tiago também denunciou a guerra entre patrões e empregados (5:1-6). Quando os ricos estavam retendo com fraude os salários dos ceifeiros. Tiago denuncia ainda a guerra dentro da igreja (1:19-20). Os crentes estavam ferindo uns aos outros com a língua e com um temperamento descontrolado. Finalmente Tiago denuncia uma guerra pessoal (4:11-12). Os crentes estavam falando mal uns dos outros e julgando uns aos outros. Nós precisamos examinar primeiro a nossa própria vida e depois ajudar os outros (Mt 7:1-5). Não somos chamados para ser juízes. Deus é o nosso juiz. Seu julgamento é justo e santo.

3. O mundo vê essas guerras dentro das denominações, dentro das igrejas, dentro das famílias e isso é uma pedra de tropeço para a evangelização. Por isso Jesus orou pela unidade (Jo 17:21). Como podemos estar em guerra uns contra os outros se pertencemos à mesma família, se confiamos no mesmo Salvador, se somos habitados pelo mesmo Espírito? A resposta de Tiago é que temos uma guerra dentro de nós.

4. Cristãos em guerra (v. 1-2b) – Tiago aborda aqui três coisas: 1) Um fato – Há guerra entre os irmãos. Essa guerra representa o contínuo estado de hostilidade e antagonismo; 2) Uma causa – Os prazeres que militam na carne. Tiago diz que os nossos desejos são como um campo armado pronto para guerrear; 3) Uma prática – A cobiça.

II. EM GUERRA CONTRA NÓS MESMOS – V. 1b-3

1. A fonte de todas essas guerras está dentro do nosso próprio coração (v. 1; 3:14,16). A essência do pecado é o egoísmo. Eva caiu porque quis ser igual a Deus. Abraão mentiu porque queria se proteger (Gn 12:10-20). Acã causou derrota a Israel porque egoisticamente tomou o que era proibido. Somos como Tiago e João, queremos lugar especial no trono.

2. Desejos egoístas são coisas perigosas. Eles levam a ações erradas (v. 2). E eles levam a orações erradas (v. 3). Quando as nossas orações são erradas, toda a nossa vida está errada. Nossas orações não são respondidas quando há guerras entre os irmãos e paixões dentro do coração.

3. Orações não respondidas – Tiago muda da nossa relação horizontal para a nossa relação vertical. Quando temos guerra com os irmãos, temos a comunhão interrompida com Deus. Enquanto a oração seria a solução (v. 2b), mas na prática a oração não funciona (v. 3a) porque ela está motivada pela mesma razão que provoca as contendas (v. 3b).

4. Não cobiçarás é o décimo e último mandamento da lei. Quebramos toda a lei quando quebramos esse mandamento. Desejo egoista e oração egoísta conduz à guerra. Se há guerra do lado de dentro, haverá guerra do lado de fora.

5. Pessoas que estão em guerra consigo mesmas, são infelizes.

III. EM GUERRA COM DEUS – V. 4-10

A raiz de toda a guera é rebelião contra Deus. Mas como um crente pode estar em guerra contra Deus? Cultivando amizade com os inimigos de Deus. Tiago cita três inimigos com quem não podemos ter amizade se desejamos viver em paz com Deus.

Tiago fala de tentações que estão fora de nós (o mundo e o diabo) e tentações que estão dentro de nós (a carne).

1. O mundo (v. 4)

O mundo aqui é a sociedade humana com seus valores, princípios, filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema que rege o mundo é anti-Deus. Se o mundo valoriza a riqueza, começamos a valorizar a riqueza também. Se o mundo valoriza o prestígio, começamos a valorizar o prestígio. Temos a tendência de assimilar esses valores do mundo.

Um crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente: Primeiro, sendo amigo do mundo (4:4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo (1:27). Terceiro, amando o mundo (1 Jo 2:15-17). Quarto, conformando-se com o mundo (Rm 12:2). O resultado é ser condenado com o mundo (1 Co 11:32). Então, seremos salvos como que através do fogo (1 Co 3:11-15).

Amizade com o mundo é uma espécie de adultério espiritual. O crente está casado com Cristo (Rm 7:4) e deve ser fiel a ele (Is 54:5; Jr 3:1-5; Ez 23; Os 1-2; 1 Co 11:2). O mundo é inimigo de Deus e ser amigo do mundo é constituir-se em inimigo de Deus.

Não dá para ser amigo do mundo e de Deus ao mesmo tempo.

2. A carne (v. 1,5)

A carne é a nossa velha natureza. A carne não é o corpo. O corpo não é pecaminoso. Podemos usar o corpo para gloficar a Deus ou para servir ao pecado. Na conversão recebemos uma nova natureza, mas não perdemos a velha. Ela precisa ser crucificada. Essas duas naturezas estão em conflito (Gl 5:17). É isso que Tiago diz no v. 1.

Há paixões carnais que buscam nos colocar em guerra contra Deus. Devemos fugir dessas paixões (1 Co 6:18; 2 Tm 2:22). Fugir aqui não é um gesto desprezível. José do Egito fugiu da mulher de Potifar. A única maneira de vencer as tentações da carne é fugindo. Fugir do lugar, do ambiente. Viver na carne significa entristecer o Espírito Santo que vive em nós (v.5; Ef 4:30).

O Espírito de Deus habita em nós e anseia por nós com zelo (v. 5). Ele não nos divide com ninguém. Estamos casados com Cristo. Você levaria Cristo para uma sala de jogos, para uma boate, para um show do mundo, para uma intimidade sexual fora do casamento?

3. O diabo (v. 6-7)

O mundo está em conflito com o Pai. A carne em luta contra o Espírito e o diabo se opõe ao Filho de Deus.

O pecado predileto do diabo é a vaidade, o orgulho. Ele tenta as pessoas nessa área (v. 6-7). Ele tentou Eva e tenta os novos crentes (1 Tm 3:6). Deus quer que dependamos dele enquanto o diabo quer que dependamos de nós. O diabo gosta de encher a nossa bola. O grande problema da igreja hoje é que temos muitas celebridades e poucos servos. Há tanta vaidade humana que não sobra espaço para a glória de Deus.

4. Como podemos vencer esses três inimigos?

* O caminho de uma graça maior – v. 6 – Deus está incansavelmente do nosso lado. Ele sempre nos dá graça suficiente para vencer. Mas a graça de Deus não nos isenta de responsabilidade. Nos versos 7-10 há dez mandamentos para obedecer. A graça não nos isenta da obediência. Quanto mais graça, mais obediência.

a) Submetendo-nos a Deus (v. 7)

Essa palavra é um termo militar que significa fique no seu próprio posto, ponha-se no seu lugar. Quando um soldado quer se colocar no lugar do general ele tem grandes problemas. Renda-se incondicionalmente. Ponha todas as áreas da sua vida sob a autoridade de Deus. Por isso um crente rebelde não pode viver consigo nem com os outros.

Davi pecou contra Deus, adulterando, matando Urias e escondendo o seu pecado. Mas quando ele se humilhou, se submeteu e confessou, encontrou paz novamente com Deus.

b) Resistindo ao diabo (v. 7)

O diabo não é para ser temido, mas resistido. Somente quem se submete a Deus pode resistir ao diabo. A Bíblia nos ensina a não dar lugar ao diabo (Ef 4:27).

c) Mantendo-nos perto de Deus (v. 8)

Quanto mais perto de Deus ficamos, mais parecidos com Jesus nós nos tornamos. Comunhão com Deus é uma pista de mão dupla. Quando nos chegamos a Deus, ele se chega a nós. Não podemos ter comunhão com Deus e com o pecado ao mesmo tempo (v. 8b).

Comunhão com Deus implica em purificação (v. 8b)

d) Humilhando-nos diante de Deus (v. 9-10)

Temos a tendência de tratar o nosso pecado de forma muito leva e condescendente. Tiago exorta-nos a enfrentar seriamente o nosso pecado (v. 9). A porta da exaltação é a humilhação diante de Deus (v. 10). Deus não despreza o coração quebrantado (Sl 51:17).

Deus olha para o homem que é humilde de coração e treme diante da Palavra de Deus (Is 66:2).

Quando estamos em paz com Deus, temos paz uns com os outros e uma fonte de paz jorrando de dentro de nós!

Rev. Hernandes Dias Lopes

2 thoughts on “Como acabar com as guerras

  • 2 de junho de 2011 em 16:22
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    a paz pastor que benção

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  • 20 de julho de 2016 em 23:18
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    Peço autorização para fazer um estudo deste sermão aqui em nossa Igreja em Uruará-PA

    Resposta

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