Reforma espiritual: uma aliança com Deus

Referência: Neemias 9.38 e 10.1-39

INTRODUÇÃO

1. Uma reforma estrutural – Jerusalém passara por uma grande reforma física, econômica, social e espiritual. Os muros foram reconstruídos, as portas queimadas foram levantadas. Os ricos devolveram as terras e casas que haviam tomado dos pobres. Os sacerdotes voltaram a cuidar da Casa de Deus.

2. Uma reforma espiritual – Tudo começou com a fome pela Palavra de Deus. Estudo da Bíblia e oração produziram confissão, choro pelo pecado, alegria da obediência e acerto de vida com Deus.

3. As bases de uma reforma espiritual – Doutrina > Experiência > Prática. Estamos precisando de uma nova reforma. Estamos precisando voltar à Palavra. Essa reforma espiritual foi uma das mais profundas de toda a história do povo de Israel.

I. A BASE DA REFORMA – A PALAVRA DE DEUS

1. A reforma começou quando o povo voltou-se para a Palavra de Deus – 8:1

Tudo começou quando o povo de Israel se reuniu para buscar a Palavra de Deus (8:1). Não há reforma sem Palavra (8:13,18). Não há mudança sem centralidade nas Escrituras. O Pentecoste, a Reforma, o movimento dos Puritanos, os Avivamentos foram todos produzidos por uma volta à Palavra.

2. A Palavra de Deus estabelece a base e os limites da reforma – v. 29

A aliança é feita com base na inexpugnável rocha da Palavra, para guardar a Palavra. O compromisso é andar e guardar e cumprir os mandamentos, juízos e estatutos da Palavra.

Não podemos parar no estudo da Palavra. Não podemos ficar paralizados no estudo da teologia ou da doutrina. O conhecimento precisa produzir transformação.

Doutrina precisa produzir experiência e experiência precisa desaguar na prática.

Muitos dizem crer na Bíblia, mas não obedecem seus ensinos. São como os católicos, choram na morte do papa, mas não obedecem suas encíclicas: sobre sexo, aborto, planejamento familiar.

A autoridade da Bíblia tem sido atacada por “amigos” de dentro da igreja e inimigos de fora.

3. A Reforma começou quando o povo saiu do sentimento para a ação – 9:38

Para que tudo não fique apenas num nível sentimental, eles firmam uma aliança, com o Deus da aliança, guardador de alianças e a escrevem e a assinam. Eles se comprometem pessoalmente, coletivamente e publicamente com Deus.

II. OS PARTICIPANTES DA REFORMA – OS LÍDERES E O POVO

1. A liderança precisa ser exemplo na reforma espiritual – 9:38.10:1-27

A liderança política e espiritual está na vanguarda, na proa dessa aliança com o Senhor. Eles estão à frente do povo. Eles são exemplo para o povo. Eles são modelo para o povo.

Neemias, o governador de Judá (verso 1) é o primeiro a colocar o seu selo sobre o documento. Ele dá um passo à frente e oferece exemplo para que os demais o sigam. Seguem-se os sacerdotes nos (versos 2-8), em seguida os levitas, nos (versos 9-13) e os chefes de famílias nos (versos 14-27). Finalmente, o resto do povo (v. 28). A liderança política e religiosa está liderando o povo nessa volta para Deus. Com a assitura de todos esses líderes estava validado o concerto.

Os príncipes, os levitas e os sacerdotes foram à frente e depois todo o povo seguiu seus passos (v. 28).

A liderança não pode ficar de fora. Ela precisa estar na frente (Jl 2:12-17).

2. Todo o povo adere à reforma espiritual – v. 28,29

A reforma espiritual alcançou não apenas os líderes, mas a partir deles, todo o povo. Homens, mulheres e crianças assumiram o compromisso de andarem com Deus, de obedecem a Palavra de Deus.

Fica completamente claro que todos, até mesmo as crianças menores que podiam compreender (8:12; 10:28), participaram deste juramento, por invocar desgraça se não cumprissem sua palavra (imprecação).

Jonatham Edwards, (The Religious Affections) aos 20 anos de idade, assumiu um compromisso por escrito com Deus, de que viveria para a sua glória. David Brainerd (diário) revelam com os homens de Deus fizeram alianças com o Senhor.

Os grandes avivamentos surgiram quando o povo entrou em aliança com Deus para o buscar, para o conhecer, para o obedecer.

Vivemos hoje uma espiritualdade centrada no homem, no que podemos receber de Deus. Precisamos voltar-nos para Deus por causa de Deus.

III. OS COMPROMISSOS DA REFORMA – v. 28-39

Esse é o mais sério documento que nos vem dos antigos tempos, por onde podemos ler as preocupações, quer do povo quer dos seus líderes, quanto ao futuro da nação renascente. Eles escreveram e selaram.

1. Consagração a Deus – v. 28

A mistura das raças entre os judeus não seria tanto uma questão de pureza racial, das de preservação da religião. A mistura de credos levaria ao afrouxamento das relações com Deus. A questão não era preconceito racial, mas fidelidade espiritual. Precisamos nos lembrar que “as más conversações corrompem os bons costumes. Estamos no mundo, mas não somos do mundo.

Essa separação não deve ser apenas negativa. Eles se apartaram daqueles povos para a Palavra de Deus. Eles tinham comunhão com aqueles que levavam Deus a sério (Ef 5:11).

O povo tinha se apartado não dos povos, mas de suas crenças, de suas práticas pagãs, de seu sincretismo religioso. O que eles querem é uma reforma na doutrina e na vida. Eles querem doutrina bíblica.

Rute era gentia, mas ao crer no Deus vivo, foi aceita como parte do povo de Deus. Não há comunhão onde não há verdade. O ecumenismo é uma falácia.

2. Observância da Palavra de Deus – v. 29

De suma importância é a própria aliança. Há a decisão de se submeterem à autoridade das Escritruas. Eles sabem que não podem esperar bênçãos de Deus sem obediência à sua Palavra. A Palavra de Deus é sua carta de alforria.

O povo não busca milagres. Eles não estão atrás de prosperidade e saúde. Eles procuram os atalhos do misticismo. Eles entram em aliança para andarem na lei de Deus, para cumprirem os mandamentos do Senhor.

O grande projeto de vida deles era a obediência. Eles queriam reforma de vida!

Hoje temos três problemas: misticismo, liberalismo e ortodoxia morta. Todos as três vertentes falham na obediência.

3. A proibição do casamento misto – v. 30

O princípio espiritual tratado aqui lealdade a Deus.

Essas uniões mistas com estrangeiros pagãos era condenada pela lei (Ex 34:12-16), mas era permitida quando o estrangeiro era convertido a Deus (Rute).

O casamento misto pode produzir conflitos conjugais, desmoronamento do lar, bem como uma educação deficiente dos filhos (Ne 13:23-29).

O motivo, portanto, para proibirem o casamento misto não era racial, mas espiritual. A questão não é preconceito racial, mas pureza espiritual. Os casamentos mistos foram a porta da apostasia em muitas ocasiões na vida do povo.

Muitos casamentos mistos eram feitos também por vantagens financeiras. A ascensão social era uma tentação naqueles dias difíceis e o casamento misto ofercia uma escada atraente. Esdras (Ed 9:1-3), Neemias (Ne 13:23-29) e Malaquias (Ml 2:10-16) confrontaram esse problema.

O casamento misto sempre foi um problema na história do povo de Deus: Dilúvio, estabelecimento na terra de Canaã, no primeiro século (2 Co 6:14-17).

O casamento misto ainda hoje é um grande problema: Há três possibilidades: 1) o cônjuge não se converter (75%); 2) o cônjuge converter-se; 3) o crente afastar-se da igreja. Ilustração: 75% dos vôos caindo.

Critério para uma escolha: novo nascimento + caráter + procedência familiar + obediência aos pais + afinidade + respeito.

4. A observância do dia do Senhor – v. 31

O princípio espiritual tratado aqui é o uso do tempo, a ganância e o vício do trabalho. Os comerciantes de fora colocaram em risco o povo de Deus e mais tarde eles acabaram caindo nessa cilada (Ne 13:15-22).

Deus instituiu um dia para o descanso. Um dia para o homem cessar suas atividades de comprar e vender e voltar-se para ele em adoração. Nesse dia nenhum trabalho deve ser feito. É o dia do Senhor. A quebra do sábado era profanação da religião.

O domingo é o dia do descanso do povo de Deus. O sábado é o memorial da criação. O domingo é o memorial da ressurreição.

Um dos sinais de todo reavivamento na história, é a volta à obeservância do dia do Senhor. Não se compra nem se vende. Não se negocia nem se busca lucros. Hoje o comércio está abrindo. Hoje os crentes estão buscando no dia do Senhor tanto o trabalho como outras atividades afins.

Hoje não se prepara mais para o dia do Senhor. Nossas festas entram no dia do Senhor e aí as pessoas preferem dormir a vir a Casa de Deus. Não buscamos mais o Senhor em primeiro lugar.

A busca do lucro em vez da busca da piedade pode um grande laço espiritual. É por esta porta que começa a secularização da igreja.

5. A observância do ano sabático – v. 31b

O princípio espiritual tratado aqui é a ansiedade pelo futuro e a confiança em Deus (Ex 23:11; Lv 25:4-7, 20-22; Dt 15:1-11).

O ano sabático era o ano de descanso da terra e o o ano do jubileu, o ano do perdão das dívidas. O povo precisava compreender que a terra é de Deus. O povo deveria aprender que nós somos apenas mordomos. O propósito de Deus não era apenas de mordomia, mas também de confiança na providência divina, ao mesmo tempo que protegia o povo da ganância.

6. A observância das ofertas para a manutenção do culto – v. 32-34

O princípio aqui é o uso do dinheiro e a importância do culto público.

Eles deviam prover a casa de Deus de todos os elementos do culto: os pães, os holocaustos, a lenha. Os sacerdotes e os levitas não apenas cobraram do povo, eles também com alegria e sacrifício ofertaram para a manutenção da Casa de Deus.

Lembram que logo que chegaram do cativeiro, ao enfrentarem a oposição, desistiram de investir na Casa de Deus. Construíam casas apaineladas, e a Casa de Deus foi abandonada. Precisamos ter prazer como Davi de dar o nosso melhor para a Casa de Deus.

Era uma obrigação de cada judeu sustentar a Casa de Deus para que os sacerdotes, levitas, cantores e porteiros fossem sustentados e não precisassem ir lavrar a terra e os múltiplos sacrifícios fossem mantidos. Exemplo: o ministério integral.

7. A observância dos dízimos – v. 35-39

a) O dízimo é primícia e não sobra (v. 35,36).

b) O dízimo precisa ser trazido à Casa de Deus e não administrado pelo ofertante (v. 35).

c) O dízimo deveria ser recebido pelos levitas (v. 37), pois cabia a eles a administração dos dízimos (v. 39).

d) O dízimo precisa ser administrado com transparência (v. 38).

e) Os levitas precisavam ser também dizimistas (v. 38).

f) Reter o dízimo é desamparar a Casa de Deus (v. 39). Antes do exílio, o Templo mui frequentemente tinha sido um mero talismã, e seus cultos bem-frequentados, um calmante para a consciência (Jr 7). Agora, a tentação era inversa: ressentir-se do esforço e da despesa daquilo tudo.

CONCLUSÃO

1. Que “aliança fiel” a nossa igreja deveria assumir com Deus?

2. Quais as implicações de uma aliança com Deus?

a) O conhecimento da Palavra deve nos levar a um compromisso de aliança com Deus e uma reforma espiriutal;

b) Uma reforma espiritual pode ser liderada por poucos, mas deve ter a participação de todos;

c) Os nossos compromissos com Deus não devem ser apenas gerais, mas também, e sobretudo, em áreas específicas: santificação, casamento, dia do Senhor, contribuição, adoração.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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