Deus concede a sua graça
O apóstolo Paulo tem recebido muitos títulos. Ele tem sido chamado de o maior teólogo e o maior pastor da era cristã, o mais proeminente missionário e o mais profícuo plantador de igrejas. Podemos alcunhar ainda ao apóstolo Paulo mais uma designação: o apóstolo da graça. Suas Cartas exalam a doutrina da graça. As linhas de suas Epístolas estão repletas do ensino da graça de Deus. Para Paulo, assim como para os demais escritores neotestamentários, tudo provém da graça. A fé salvadora é concedida pela graça, o arrependimento também e o padecer por Cristo igualmente. Queremos partilhar três verdades acerca da temática supracitada:
1) Deus concede-nos a sua graça para crermos. Diz Paulo: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós é dom de Deus” (Ef 2. 8). Ninguém nasce com capacidade nem com vontade para crer. A fé não é uma herança hereditária, nem um legado institucional, nem uma transferência genética. Não é a igreja nem a teologia que gera fé. A vontade de crer é um dom de Deus. A fé salvadora é um presente de Deus. É Deus quem habilita-nos a ter fé. Deus nos salva pela fé, somos guardados até o dia da ressurreição pelo seu poder, por intermédio da fé. Pela fé somos justificados, somos adotados como filhos de Deus e recebemos a certeza da vida eterna. O Deus que exige que os homens tenham fé para a salvação, também é o mesmo que doa graciosamente a fé. Deus requer dos homens a obra da fé, pois sem fé é impossível agradá-lo. Todavia, o homem não nasce com a fé. A disposição para crer no Senhor Deus e na sua Palavra não é uma semente inata no coração humano, mas uma semente plantada pelo Espírito de Deus. Todos nós estaríamos perdidos se Deus não nos tivesse doado a fé.
2) Deus concede a sua graça para nos arrependermos. Quando Pedro teve que prestar um relatório a liderança de Jerusalém, ele disse: “Logo, também aos gentios Deus concedeu o arrependimento que conduz à vida” (At 11. 18). Para Pedro, o arrependimento é de natureza divina. É Deus quem concede a dádiva do arrependimento. O evangelho reivindica duas coisas do homem: fé e arrependimento. Assim como ninguém é salvo sem fé, da mesma forma ninguém é perdoado sem arrependimento. Acontece que tanto um como o outro é fruto da graça divina. Nossa salvação é iniciada por Deus, mantida por Deus e será plenificada por Deus. Todos nascemos com o coração de pedra e a mente cauterizada. Não há sensibilidade nem disposição para que o homem arrependa-se de seus maus caminhos. Porém é preciso entender, que o arrependimento não é uma reação natural do homem, mas uma ação fundida pela operação da graça de Deus. A bondade de Deus, além de conceder-nos a fé, também nos conduz ao arrependimento. A doação da graça do arrependimento, faz com o homem tenha consciência de seus pecados cometidos, gera tristeza para a salvação e o conduz à confissão.
3) Deus concede-nos a sua graça para sofrermos. O apóstolo da graça é categórico ao ensinar sobre a graça de sofrer por Cristo. Ele diz: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de credes nele” (Fl 1. 29). A graça que habilita um homem a confiar, não é diferente daquela que é concedida para sofrer. A dádiva concedida para conduzir o ser humano ao arrependimento, não é de natureza distinta daquela que fora concedida para padecer pelo Senhor Jesus. Sofrer por Cristo não é masoquismo, fruto de uma mente doentia. Sofrer por Cristo é um privilégio. Aliás, o curso natural da vida cristã pressupõe que o cristão sofrerá por conta de sua fé. Enfrentar alguma oposição hostil por causa de Cristo é uma bem-aventurança. São felizes aqueles que são injuriados ou perseguidos por causa do nome de Jesus (Mt 5. 11). Os apóstolos foram presos e açoitados por causa da pregação do Evangelho, porém, eles não murmuraram. A Bíblia diz que: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (At 5. 41). Paulo da mesma forma, relata que sua vida fora marcada por muitas perseguições. Ele diz: “que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor” (1Tm 3. 11). Portanto, durante o seu sofrimento, Paulo nunca esteve sozinho. Ele esteve o tempo todo assistido pela graça divina. Se sofrermos alguma perseguição por conta do nome de Cristo, não temos porque temer, pois seremos munidos pela graça para suportarmos os flagelos que o mundo lança sobre a nossa vida. Foi assim com os profetas, com os apóstolos, com a igreja primitiva, e será assim, com todo aquele que quiser viver piedosamente em Cristo Jesus (2Tm 3. 12). Não tenha medo nem fique desanimado, porque Deus continua concedendo a sua graça, para toda e qualquer situação.
Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano