Marcas da fé salvadora
As pesquisas demonstram que o povo brasileiro é crédulo. No Brasil, a maioria das pessoas possui algum tipo de crença. O terreno religioso brasileiro é fértil para o florescimento da diversidade da fé. Todavia, a variedade de crença demonstrada não tem respaldo bíblico, pois não evidencia a fé salvadora. Precisamos qualificar a fé salvadora a fim de termos uma compreensão mais apurada da sua autenticidade à luz da Bíblia. Não devemos jamais confundi-la com a fé utilitarista, nem com a fé temporal, nem tão pouco com a fé intelectual. A primeira tem interesse apenas naquilo que é oferecido pelo “mercado religioso”; a segunda se preocupa somente com a questão efêmera da existência; a terceira se vangloria da quantidade de informação teológica, porém nenhuma traz em sua prática alguma comprovação de mudança de vida. O testemunho bíblico da fé do centurião romano, encontrado no Evangelho de Mateus (8. 5-13), destaca três marcas que nos ajuda a distinguir a fé salvadora dos demais tipos de fé.
1) Ela vem acompanhada pela oração (Mt 8. 5, 6). O centurião comparece diante de Cristo, implorando por ajuda. A oração como insígnia da fé centraliza o seu pedido na pessoa do Senhor Jesus. Aquele que professa a fé salvadora em Cristo exercita a prática da oração. Quem tem fé em Jesus ora. E aquele que ora ao Senhor tem fé. A fé salvadora não é uma doutrina abstrata nem uma elucubração filosófica. Ela está arraigada no solo do coração, entretanto, se materializa pela súplica. A confiança daquele que crer em Cristo para a salvação faz com que a sua alma se quede diante do Senhor. A fé faz daquele que crer um intercessor. Ele ora em favor do outro. Sua oração não é um pedido individualista nem egoísta. Sua oração pleiteia o favor divino para o outro. Ela clama por socorro pelo próximo. A fé salvadora tem implicações práticas aqui, pois não se cala diante do sofrimento e necessidade humana. A voz da fé salvadora é a oração.
2) Ela vem revestida de humildade (Mt 8. 8). Os mediadores que intercederam pelo centurião, disseram a Jesus: “Ele é digno de que lhe faças isto” (Lc 7. 4). Todavia, ao comparecer diante do Senhor, o centurião disse: “Senhor, não sou digno” (Mt 8. 8). A fé salvadora não se estriba naquilo que as pessoas dizem. Ela faz com que o homem seja despido da autoconfiança para ser revestido da justiça daquele que é santo e majestoso. A santidade de Deus faz com que o homem salvo tenha consciência da sua indignidade. Sabe por quê? Porque a fé salvadora é adornada pela humildade. Sua vestimenta não tem o adereço da jactância nem a capa do orgulho. Ela não se apóia na obra humana, porque a mesma está manchada pelo pecado. Não considera a justiça humana, porque a mesma não passa de trapo de imundícia. A presença da humildade revela a existência da fé salvadora.
3) Ela reconhece a autoridade absoluta de Cristo (Mt 8. 8, 9). Por fim, o centurião está convencido que Cristo tem autoridade absoluta sobre todas as coisas. Toda criação obedece à sua voz. A morte está debaixo de seu governo. Os demônios lhe submetem. As enfermidades não podem resistir a sua ordem. Tudo se curva diante de seu poder. Não existe limitação geográfica para sua ação. Sua autoridade é ilimitada. Ele disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28. 18). A autoridade de Cristo foi delegada, entretanto, ela também é inerente à sua natureza divina. O centurião está convicto acerca da autoridade plena de Cristo. Ele declara: “mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado” (Mt 8. 8). De sorte que: “Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo quem nem em Israel achei fé como está” (Mt 8. 10). Concluímos, portanto, afirmando que as marcas da fé salvadora têm como evidências a oração, a humildade e a confiança plena na autoridade de Cristo. A fé salvadora atesta que Cristo é o Senhor.
Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano