Os gemidos da criação, da igreja e do Espírito Santo

Os estudiosos afirmam, e com razão, que a carta aos Romanos é a cordilheira do Himalaia de toda a revelação bíblica. Então, podemos afirmar, com certeza inequívoca, que o capítulo oito de Romanos é o pico do Everest. Nesse capítulo que ressalta o plano eterno de Deus em nossa salvação, a obra de Cristo por nós e o poder do Espírito Santo em nós, o apóstolo Paulo fala sobre três gemidos.

1. O gemido da criação (Rm 8.22). “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”. A queda dos nossos pais não atingiu apenas a humanidade, mas também o universo. A criação foi submetida à escravidão. A terra passou a produzir cardos e abrolhos. Os animais passaram a ser hostis à raça humana. A natureza entrou em convulsão. A criação está sentindo dores de parto, aguardando o tempo em que será liberta do seu cativeiro. As tempestades avassaladoras, as enchentes gigantescas, os terremotos devastadores, os maremotos inundantes e a desertificação assoladora de muitas regiões revelam esses gemidos da criação. A terra está enferma. O mundo sofre cólicas intestinais. Toda a criação, gemendo, aguarda a segunda vinda de Cristo, a redenção plena da igreja, quando, então, haverá novos céus e nova terra.

2. O gemido da igreja (Rm 8.23). “E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”. A criação não está gemendo sozinha. Nós, os filhos de Deus, que temos as primícias do Espírito, estamos gemendo também. Gememos por causa do pecado. Gememos porque os homens se rebelam mais e mais contra Deus e tapam os ouvidos à sua lei. Gememos porque os pecadores, sendo objetos do amor de Deus, viram as costas para Deus e fazem para si mesmos ídolos vãos. Gememos porque mesmo diante da imerecida oferta da graça, os homens escarnecem de Deus e ultrajam sua graça. Gememos, outrossim, porque tendo nós recebido o penhor do Espírito, e já provando, por antecipação, as delícias da vida vindoura, vivemos num mundo perverso, rendido ao pecado. Gememos porque, na ponta dos pés, aguardamos do céu, o nosso glorioso Salvador, quando seremos transformados e receberemos um corpo imortal e incorruptível, semelhante ao corpo da glória do Senhor. Oh, quão glorioso aquele dia será!

3. Os gemidos do Espírito Santo (Rm 8.26). “… mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. Os gemidos são ouvidos não apenas na terra, mas também nos céus. Estão presentes não apenas na criação e entre os homens, mas também, na própria divindade. O Espírito Santo, o Deus que habita em nós, e intercede por nós, em nós, ao Deus que está sobre nós, também está gemendo. A intercessão do Espírito é intensa, agônica e eficaz. Emprega todo o seu poder para interceder por nós, a fim de que sejamos transformados à imagem de Cristo. Nós, assim, temos dois intercessores na Trindade: Jesus, o Advogado, o Justo, é o nosso intercessor legal. Ele está à destra de Deus e intercede por nós. Nenhuma acusação prospera contra nós diante do tribunal de Deus, pois Jesus morreu por nós e vive para nós. Ele pagou a nossa dívida. Agora estamos quites com a lei de Deus e com as demandas da justiça de Deus. Temos, também, o Espírito Santo como nosso intercessor existencial. Ele intercede por nós, dentro de nós, com indescritível agonia. Sendo Deus, ele geme por nós, ao interceder por nós. Oh, quem poderia descrever a intensidade dessa intercessão! Quem poderia orar com tanta intensidade e agonia! Oh, Deus cheio de graça e amor, que além de nos assistir em nossa fraqueza, ainda intercede por nós e em nós, e isso, com gemidos inexprimíveis! Que jamais nos esqueçamos quão amados somos! Que jamais negligenciemos nossa devoção ao Deus Pai, ao Deus Filho e ao Deus Espírito Santo por graça tão preciosa!

Rev. Hernandes Dias Lopes

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