Setembro amarelo, não ultrapasse!
O suicídio é uma amarga realidade, presente em todos os estratos sociais, em todos os segmentos religiosos e em todas as faixas etárias. Mais pessoas se matam do que são mortas. Há mais suicídios no mundo do que assassinatos. As estatísticas, muitas vezes, escondem a enormidade desse drama. A política de ocultar os dados alarmantes, com o propósito de não incentivar o suicídio, acabam ocultando da população a gravidade do problema. Melhor do que maquiar a realidade é lidar honestamente com o problema, buscando formas de preveni-lo. A prevenção é o melhor caminho para enfrentar esse drama social. Destaco aqui três aspectos importantes no enfrentamento do suicídio.
Em primeiro lugar, as principais causas do suicídio. A primeira atitude que precisamos ter para lidarmos com o suicídio é saber quais são suas causas. É sabido que a depressão é a principal razão que leva uma pessoa a ceifar sua própria vida. A depressão é uma doença que desencadeia outras enfermidades. Segundo Andrew Solomon, depressão é como um indivíduo engolir seu próprio funeral. É como vestir uma roupa de madeira. Uma pessoa depressiva, não raro, enxerga a vida com os óculos escuros da desesperança. Sente uma dor lancinante na alma, que atordoa a mente, embaça os olhos e rouba a esperança. A depressão não pode ser encarada como opressão espiritual nem como um pecado. A depressão é uma doença que precisa ser tratada com remédio, terapia e fé. É uma atitude cruel acrescentar mais fardos de culpa àqueles que já estão gemendo debaixo do rolo compressor desse mal. Se essa doença não for devidamente diagnosticada e tratada, ela pode levar a pessoa a entrar num túnel sem volta. Outras causas podem levar um indivíduo ao suicídio, como problemas passionais, divórcio, crises financeiras, doenças incuráveis, drogas, desvios sexuais e radicalismo religioso.
Em segundo lugar, os principais mitos sobre o suicídio. Dentre os vários mitos sobre o suicídio gostaria de elencar três: o primeiro mito é pensar que “cachorro que late não morde”, ou seja, a pessoa que fala em se matar, jamais vai fazê-lo. Cerca de oitenta por cento das pessoas que tiraram sua própria vida, deram sinais de que pretendiam fazê-lo. Na verdade, essas pessoas não querem tirar sua vida; querem matar a dor que as atormentam. Estão dando um grito de socorro. O segundo mito é afirmar que se uma pessoa intenta cometer suicídio, vai acabar praticando esse ato radical e nada se pode fazer para ajudá-la. A verdade dos fatos é que a vasta maioria que fala em suicídio pode e deve ser ajudada e, recebendo adequada ajuda, é demovida do assassinato de si mesma. O terceiro mito é que todo suicida é um doente mental ou um desajustado social. Inobstante a depressão ser a principal causa do suicídio, muitas pessoas cometeram suicídio planejadamente, na plena posse de suas faculdades mentais. O problema é complexo e não comporta enfrentamentos simplórios.
Em terceiro lugar, as principais ações de prevenção contra o suicídio. O setembro amarelo é apenas um lembrete de que não podemos afrouxar nossos esforços, no sentido de prevenir essa tragédia familiar e social. A família, a igreja cristã, as ONGS e o Estado devem se unir nessa grande cruzada para salvar vidas. Devem criar mecanismos de conscientização, com tratamentos adequados, tanto medicamentosos como no uso de terapias com adequado aconselhamento. Agindo assim, podemos afastar desse caminho escorregadio muitas pessoas que flertam com a morte. Uma ação indispensável é, certamente, levar a pessoa aflita a um relacionamento pessoal com Jesus, o Filho de Deus. A fé em Cristo é indispensável para trazer esperança àqueles que vivem desassistidos de esperança. A Palavra de Deus restaura a alma e ilumina os olhos. Mesmo quando o homem chega ao seu limite, no fim da linha, no fundo do poço, sem ver uma janela de escape, com Deus ainda há esperança. Deus é poderoso para transformar os vales mais escuros em cenários iluminados, os desertos mais tórridos em pomares frutuosos, as dores mais lancinantes em fontes de consolo e o desassossego da alma mais tormentoso em paz que excede todo o entendimento.
Rev. Hernandes Dias Lopes