O QUARTO DA ORAÇÃO

Numa tosca imitação dos fariseus, nós gostamos dos holofotes, somos atraídos pelas luzes da ribalta, onde fazemos propaganda de nossa vida espiritual. Porém, Deus nos espera para um encontro no quarto da oração, no anonimato do lugar secreto. Os fariseus gostavam de orar em público e tocar trombetas para estadear suas pretensas virtudes, mas nossa vida em público deve ser o reflexo da nossa comunhão com Deus no quarto da oração. O quarto da oração é o nosso lugar secreto, é o santo dos santos onde a glória de Deus assiste. É ali que Deus nos vê, nos ouve e nos recompensa. O quarto da oração é a caminhada de Enoque com Deus, o passeio de Deus com Adão na viração da tarde no jardim do Éden e a experiência da sarça que ardia e não se consumia para Moisés. O quatro da oração é onde o azeite da viúva jorra, enquanto tem vasilhas vazias. O quarto da oração é onde o menino morto tem sua carne aquecida e se levanta da morte. O quarto da oração é o Jordão onde Eliseu recebe porção dobrada do espírito de Elias e onde Jeú recebe a unção para ser rei de Israel e virar a página da história do seu povo. O quarto da oração representava os lugares solitários para onde Jesus se dirigia, para passar noites em comunhão com o Pai. 

O quarto da oração é o ventre do peixe para Jonas, a ilha de Patmos para João, o porão do navio para Paulo. O quarto da oração é o cenáculo para os cristãos primitivos e a casa que treme pela visitação do Espírito Santo para a igreja de Jerusalém. O quarto da oração é onde temos o maior deleite na terra, pois é ali que ficamos na presença de Deus, onde há plenitude de alegria e delícias perpetuamente. A porta fechada do quarto é onde a porta do céu se abre. Ali é o lugar onde Jesus vem ao nosso encontro e o Espírito nos unge com o óleo da alegria. É nesse lugar secreto que as maiores batalhas são travadas. É nesse lugar que as vitórias mais esplêndidas são alcançadas. É no quarto da oração que somos revestidos de poder para vivermos vitoriosamente. É nesse lugar secreto que a família experimenta seus maiores milagres, a igreja recebe a sua maior força e os céus se fendem para derramar os mais poderosos avivamentos.  O quarto da oração enseja-nos quatro lições: 

Em primeiro lugar, é ali que abrimos a agenda da obediência sem racionalizações. Jesus nos ordenou a entrar no quarto e falar com Deus em secreto. É ali que o Pai tem um encontro conosco. Se estamos ocupados demais para nos ocuparmos com Deus então nossa vida caiu num ativismo estéril. Devemos nos deleitarmos em Deus mais do que nas bênçãos de Deus. O doador é melhor do que suas dádivas. 

Em segundo lugar, é ali que a agenda da oração a Deus foge dos holofotes. É ali que falamos com Deus em secreto, sem fazermos propaganda de quem somos e do que fazemos. É ali, no anonimato do quarto fechado, que Deus nos vê, nos ouve e nos recompensa. Se não prevalecermos com Deus em secreto, não teremos poder para prevalecer diante dos homens em público. Devemos, à semelhança de Elias, nos prostramos diante do Rei dos reis, para depois nos levantarmos diante do rei. 

Em terceiro lugar, é ali que desfrutamos íntima comunhão com Deus. No quarto, com a porta fechada nos desligamos do barulho do mundo, para concentrarmo-nos no relacionamento íntimo com Deus. Ali cessam as vozes do labor para falarmos com Deus e ouvirmos sua doce voz. Nosso prazer em Deus deve ser maior do que nosso deleite nas maiores bênçãos de Deus. A comunhão com Deus deve ser nossa maior aspiração, nossa maior busca e nosso mais precioso tesouro espiritual. 

Em quarto lugar, é ali que as recompensas divinas nos alcançam. Deus vê em secreto, Deus age em secreto, Deus recompensa em secreto, mas os resultados dessa audiência com a porta do quarto fechada refletem na vida em público. Pela oração recebemos poder. Pela oração somos curados, consolados e capacitados. Porém, sem oração nos distrairemos e nos afadigaremos com muitas coisas e perderemos o principal, a única coisa necessária. Sem oração nossa vida será rasa, infrutífera e sem virtude do Espírito Santo. Você tem encontrado a Deus no seu quarto de oração?

Rev. Hernandes Dias Lopes

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