O PERIGO DE UMA RELIGIÃO INEFICAZ

Os capítulos 17 e 18 do livro de Juízes trata, de maneira eloquente, sobre o perigo de uma religião ineficaz, desprovida de ortodoxia e sem as marcas da ortopraxia. Destaco, aqui, algumas características dessa falsa religiosidade:

Em primeiro lugar, é uma religião que transige com os valores morais. A mãe de Mica foi roubada e o ladrão confesso era seu próprio filho. Sem saber que o larápio era o filho, amaldiçoou o ladrão. Quando o filho, acuado pela maldição, confessou o pecado e devolveu o produto do roubo, a mãe o abençoou e prometeu usar o dinheiro para fazer um ídolo e uma imagem de escultura. Porém, não cumpriu a promessa, uma vez que só entregou um quinto do valor prometido. O filho rouba a mãe e a mãe retém o que prometeu entregar. O caráter disforme do filho é uma repetição do caráter disforme da mãe. Ambos são desonestos. Ambos têm uma religiosidade que não transforma o caráter nem baliza a conduta.

Em segundo lugar, é uma religião que transige com valores espirituais. A mãe de Mica promete consagrar o dinheiro reavido do roubo ao Senhor e não aos deuses cananeus. Porém, com parte do dinheiro, manda fabricar um ídolo e uma imagem de escultura. Estava completamente equivocada acerca da natureza de Deus e da natureza do culto que se deve prestar a Deus. Ao mesmo tempo que demonstra sua religiosidade, quebra flagrantemente o segundo mandamento que, condena peremptoriamente a fabricação de imagens de escultura, bem como toda forma de culto prestado a elas. Essa família é religiosa, mas sua religião está fundamentada no sincretismo e não na ortodoxia. Ao mesmo tempo que se negam a adorar os deuses cananeus, enganam-se a si mesmos, tentando adorar a Deus através dos ídolos.

Em terceiro lugar, é uma religião ao seu bel prazer e não orientada pela palavra de Deus. Mica faz um santuário em sua casa e ali coloca seus ídolos, quando na verdade o centro de adoração ficava em Siló. Lá estava o tabernáculo e a arca da aliança. Quando esse homem erige um altar em sua própria casa e nomeia um de seus f ilhos como sacerdote, ele cria um templo rival, uma adoração heterodoxa e uma distorção gritante do verdadeiro culto que se deve prestar ao Senhor. Ele quer adorar a Deus segundo as inclinações de seu coração e não conforme as prescrições do próprio Deus, exaradas em sua Palavra.

Em quarto lugar, é uma religião governada pela conveniência e não pela fidelidade. Mica contrata um levita para ser o seu sacerdote pessoal, seu capelão familiar. O jovem Jônatas, descendente da família de Moisés recebe salário, casa, roupa e comida para ser sacerdote de uma família idólatra. Esse jovem levita renuncia à verdade, comercializa sua vocação, rende-se ao lucro, cauteriza sua consciência, para exercer um ministério espúrio. O sacerdócio jamais foi um emprego; é uma vocação. Deve ser exercido segundo os preceitos divinos e não segundo a conveniência pessoal. Precisa ser pautado pela verdade e não segundo os ditames da vontade humana. Onde o sagrado vira comércio, a religião se capitula à apostasia.

Em quinto lugar, é uma religião que não pode salvar seus adeptos. Assim como Mica roubou sua mãe, seus ídolos foram roubados pelos valentes da tribo da Dã. Assim como o jovem levita foi contratado por Mica, este o abandona por uma proposta mais vantajosa dos danitas. Mica ficou sem seus deuses, feitos por mãos humanas, e sem seu capelão particular. Seus ídolos eram impotentes. Sua religião era falsa. Sua esperança era vã. Assim é toda religião que rejeita a verdade. Pode ser sincera, mas é falsa e ineficaz. Não podemos adorar a Deus segundo as inclinações do nosso coração; devemos adorá-lo de acordo com as prescrições de sua Palavra!

Rev. Hernandes Dias Lopes

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