As marcas de um crente maduro
“E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros” (Rm 15.14).
O apóstolo Paulo estava a caminho de Jerusalém quando escreveu sua carta aos Romanos. Nessa carta, o veterano apóstolo expõe a doutrina da salvação (1-11) e faz a correspondente aplicação da doutrina (12-16). No texto em tela, fala sobre três marcas de um crente maduro. Vejamos:
1. Um crente maduro está possuído de bondade. A bondade é um atributo de Deus que ele compartilha com seu povo. Só Deus é essencialmente bom. Mas, aqueles que conhecem a Deus e são cheios do Espírito de Deus, são possuídos de bondade. Barnabé, o homem chamado de bom no Novo Testamento (At 11.24) fez de sua vida um investimento na vida de outras pessoas. Demonstrou amor aos necessitados, vendendo uma propriedade para socorrê-los (At 4.36,37). Quando Saulo de Tarso foi rejeitado na igreja de Jerusalém, foi Barnabé quem o acolheu e o apresentou aos apóstolos (At 9.26,27). Quando Saulo ficou mais de dez anos, no anonimato em Tarso, foi Barnabé quem foi atrás dele, investindo nele, levando-o consigo a Antioquia (At 11.25,26). Mais tarde, quando Paulo não quis a presença do jovem João Marcos na caravana da segunda viagem missionária, foi Barnabé quem investiu na vida desse jovem, que veio a ser o escritor do Evangelho de Marcos (At 15.36-41). Uma pessoa cheia de bondade investe na vida de outras pessoas, até mesmo daquelas pessoas que são consideradas desprezadas pelos demais.
2. Um crente maduro está cheio de todo conhecimento. O exercício da bondade é fruto do conhecimento. É o conhecimento de Deus e de sua palavra que nos leva a ação da bondade. Um crente maduro é alguém aplicado ao conhecimento da palavra de Deus. Sua mente está cheia da verdade e seu coração está cheio de amor. Suas obras são regidas pelo seu conhecimento. Suas mãos são operantes porque sua mente está governada pelo pleno conhecimento do evangelho. Paulo elogia os crentes de Roma, dizendo que eles estavam cheios de todo o conhecimento. Eram crentes aplicados no exame das Escrituras. Estavam comprometidos com a sã doutrina. O conhecimento deles desembocava na prática da bondade. Os crentes de Roma não eram apenas teóricos, mas transformavam o seu saber numa prática abençoadora para toda a comunidade.
3. Um crente maduro é conhecido por estar apto para o mútuo aconselhamento. A admoestação ocorre quando confrontamos, confortamos e encorajamos as pessoas com palavras cheias de conhecimento e bondade. Não há admoestação sábia sem conhecimento; não há admoestação eficaz sem bondade. Não há aconselhamento mútuo na igreja sem o conhecimento da verdade e sem a prática da bondade. Precisamos transformar o conhecimento que temos em atos de bondade. Precisamos admoestar uns aos outros, firmados no conhecimento das Escrituras e também regidos por uma atitude de bondade. Sem o conhecimento da palavra tornar-nos-emos humanistas em nossas exortações. Sem o exercício da bondade, nossas admoestações podem esmagar a cana quebrada e apagar a torcida que fumega. Adicionar a bondade ao conhecimento é o que nos torna aptos para admoestarmos uns aos outros com eficácia. Que nossa igreja seja uma comunidade de terapeutas da alma. Que nossos relacionamentos reflitam o cuidado de uns para com os outros, abençoando uns aos outros e cuidando uns dos outros. Que nossa igreja seja formada de crentes comprometidos com a maturidade cristã!
Rev. Hernandes Dias Lopes