O GETSÊMANI DA VIDA

O Jardim do Getsêmani foi o lugar da agonia de Jesus. Ali havia uma prensa de azeite, onde as azeitonas eram amassadas, para se extrair o óleo que servia de combustível para as lamparinas. Foi nesse jardim, no sopé do monte das Oliveiras, que Jesus se entristeceu, orou, chorou e sangrou. Foi ali que ele travou a mais titânica batalha da humanidade. Foi ali que ele, em lágrimas, rogou ao Pai para passar dele o cálice. Foi ali que ele se prostrou com o rosto em terra e, de forma perseverante, orou e se sujeitou à vontade do Pai. Foi ali que ele foi consolado por um anjo e fortalecido pelo Pai, para caminhar vitoriosamente para a cruz.

No Getsêmani, Jesus enfrentou severa angústia. Essa angústia teve três níveis. Vejamos:

Em primeiro lugar, Jesus admite sua angústia para si mesmo (Mt 26.37). “e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.”. Qual foi a causa da tristeza e da angústia de Jesus? Angustiou-se porque sabia que seria preso, julgado e condenado? Angustiou-se porque sabia que seria esbordoado e cuspido pelos membros do sinédrio judaico? Angustiou-se porque sabia que seus discípulos o abandonariam? Angustiou-se porque sabia que Judas o trairia, Pedro o negaria e Pilatos o sentenciaria a pena de morte? Angustiouse porque sabia que seria pregado na cruz como um malfeitor? A resposta é mil vezes não! Angustiou-se porque sabia que sendo o Amado do Pai, seria abandonado por ele na cruz. Angustiou-se porque sendo santo, santo, santo, seria feito pecado por nós. Angustiou-se porque sendo bendito eternamente, seria feito maldição, para que fôssemos benditos eternamente.

Em segundo lugar, Jesus admite sua angústia para seus discípulos (Mt 27.38). “Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.”. Muitas coisas, Jesus falou às multidões. Outras, falou apenas para seus discípulos. Quando foi tomado de tristeza e angústia, revelou isso apenas aos seus três discípulos mais chegados, Pedro, Tiago e João. Mas, quando chorou e suou sangue, fez isso sozinho. Aqui Jesus revela sua perfeita humanidade. Mesmo sabendo que ao se ferir o pastor, as ovelhas ficariam dispersas. Mesmo tendo pleno conhecimento de que Judas o trairia e Pedro o negaria, Jesus ordena a seus discípulos a ficarem com ele e a vigiarem com ele. Aquilo que era uma experiência íntima e pessoal, agora, é uma realidade compartilhada com seus discípulos mais próximos. Infelizmente, os discípulos não passaram no teste. Enquanto Jesus travava a mais renhida batalha em favor da nossa alma, seus discípulos se agarraram no sono. Em vez de vigiarem, dormiram; em vez de f icarem com Jesus, fugiram acovardados.

Em terceiro lugar, Jesus admite sua angústia para o Pai (Mt 27.39). “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.”. Jesus já havia admitido sua tristeza para si e para seus discípulos. Agora, admite-a diante do Pai. A batalha mais pesada foi travada no interior do Getsêmani, quando sozinho, Jesus prostrou-se com o rosto em terra, clamando ao Pai para passar dele o cálice. Três vezes Jesus orou, pedindo ao Pai a mesma coisa. Ele ofereceu, numa luta de sangrento suor, forte clamor e lágrimas àquele que poderia livrá-lo da morte. No Getsêmani, porém, Jesus sujeitou-se à vontade do Pai, e sorveu cada gota daquele cálice amargo da ira de Deus que deveria cair sobre nós. Ele tomou o nosso lugar como nosso representante e fiador. Ele levou sobre si as nossas iniquidades. Ele morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. Agora, pela sua morte temos vida, pelo seu sangue temos redenção, pelo seu sacrifício temos plena salvação.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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