Sola Scriptura
O brado da Reforma Protestante ecoou de dentro da Escritura. A Reforma não foi a abertura de um novo caminho religioso, mas uma volta às antigas veredas. Não foi uma nova forma de ver a revelação divina, mas uma volta às Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. Não foi a adoção de novas doutrinas, mas uma volta à doutrina dos apóstolos. O resgate da autoridade e da centralidade das Escrituras foi o pilar principal da Reforma. Destacaremos aqui quatro pontos importantes:
1. A Escritura é a única fonte que nos mostra o que devemos crer. A Bíblia é a nossa única regra de fé. A tradição não está em pé de igualdade com a Bíblia. Os dogmas e decisões dos concílios eclesiásticos precisam estar debaixo da autoridade da Bíblia. A igreja está sob a autoridade da Bíblia. Nenhuma igreja ou concílio pode determinar o que devemos crer. O conteúdo de nossa fé vem da Palavra de Deus e dela somente. Nossa base doutrinária procede não da interpretação pessoal deste ou daquele teólogo, mas da Escritura. A Bíblia e só ela é a palavra de Deus infalível, inerrante e suficiente. Não aceitamos nenhuma revelação forânea às Escrituras. Não temos novas revelações. Mesmo que um anjo descesse do céu, para pregar outro evangelho, deveria ser rejeitado como anátema. A palavra de Deus jamais caduca nem fica obsoleta.
2. A Escritura é a única autoridade que nos ensina o que devemos fazer. A Bíblia é a nossa única regra de prática. Nossa fé determina nossas ações. O que cremos pavimenta o caminho do que fazemos. A teologia é mãe da ética. O credo desemboca na conduta. Assim como um homem crê, assim ele é. Nossas experiências não suplantam a verdade revelada. A Bíblia regula e julga nossas experiências em vez de nossas experiências relativizarem a Bíblia. Não é o que eu sinto que é a norma do meu viver, mas o que Deus diz em sua palavra. Não é que a igreja diz em suas encíclicas ou dogmas que constitui o fundamento de nossas ações, mas o que está registrado na palavra de Deus. A verdade de Deus não é apenas um preceito a ser crido, mas também e, sobretudo, uma norma a ser praticada.
3. A Escritura é a única revelação divina que nos aponta para Jesus, o nosso Salvador. Tanto o Antigo como o Novo Testamento enfatizam a pessoa e a obra de Jesus Cristo. O Antigo Testamento mostra Deus separando um povo para si e por meio dele, preparando o mundo para a chegada do Messias. O Novo Testamento mostra como esse Messias veio e o que ele fez para salvar o seu povo. O Antigo Testamento mostra o Cristo da profecia; o Novo Testamento revela o Cristo da história. Patriarcas, profetas, reis e sacerdotes foram um tipo de Cristo. O tabernáculo, o templo, os rituais e as festas judaicas apontavam para Jesus. Tudo era sombra da realidade que se cumpriu em Jesus. Ele é o eixo das Escrituras, o centro da história, o Salvador do mundo. As Escrituras testificam de Jesus e apontam-no como o único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos.
4. A Escritura é o único conteúdo da pregação da igreja. Não pregamos ao mundo palavras de homens, mas a palavra de Deus. Ela é inspirada, viva, eficaz e penetrante. Ela é inerrante em seu conteúdo, infalível em seu propósito e suficiente em sua mensagem. Não podemos tirar nada dela nem a ela acrescentar coisa alguma. Precisamos pregar toda a Bíblia e só a Bíblia. Não criamos a mensagem, apenas a transmitimos. A palavra é o conteúdo da nossa pregação. Ela é o trigo nutritivo da verdade. Ela é mais preciosa do que o ouro e mais doce do que o mel. É remédio para o enfermo, alimento para o faminto, água para o sedento e luz para o errante. Ela é a espada de dois gumes. Por ela avançamos contra as forças do mal e por ela nos defendemos dos ataques do inimigo. Sua mensagem é penetrante e sempre oportuna. A Escritura não pode falhar. Os céus bem como a terra passarão, mas a palavra de Deus jamais vai passar. Ela é eterna. Ela nos basta. Permanece o lema da Reforma: Sola Scriptura!
Rev. Hernandes Dias Lopes