O milagre da multiplicação

O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes é o único realizado por Jesus que está registrado nos quatro evangelhos. Daí sua indisputável importância. Esse episódio enseja-nos algumas preciosas lições. Vejamos:

1. Jesus demonstra seu cuidado à multidão no dia de seu luto. Se não bastasse a correria do ministério, sem tempo se quer para comer, Jesus acabara de receber a notícia de que João Batista, seu primo e precursor, acabara de ser degolado na prisão, por ordem de Herodes. Nessa hora de dor, ele ainda encontra tempo para atender a uma multidão aflita, ensinando-a, curando seus enfermos e multiplicando pães e peixes para mitigar sua fome. Os dramas da vida não são impedimentos para a prática do amor nem estorvos para servir ao próximo.

2. Jesus nunca é pego de surpresa, quando nossos problemas parecem insolúveis. Quando Jesus viu a multidão faminta, naquele deserto, já sabia o que estava para fazer. Nossos problemas não o tomam de surpresa. Nossas necessidades não esgotam seus recursos. Nossos impossíveis não colocam limites em seu poder. Antes de enfrentarmos nossos dramas, ele já os conhece e já sabe o que vai fazer para resolvê-los.

3. Jesus mesmo sendo onipotente realiza seus prodígios a partir do que temos e não daquilo que não temos. Como Felipe era de Betsaida e eles estavam na região de Betsaida, Jesus perguntou a ele, onde comprariam pão para tanta gente. Felipe jogou a solução do problema para frente, dizendo a Jesus que precisariam trabalhar duzentos dias para conseguirem dinheiro suficiente para alimentar tanta gente. André, por sua vez, apresentou a Jesus um menino que tinha consigo cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas diante da escassez desse orçamento para uma demanda tão grande, logo expressou sua opinião: “Mas, o que é isso para tanta gente”. Jesus que criou o universo sem matéria preexistente, multiplicou o que tinham em mãos. O pouco que temos nas mãos de Jesus pode alimentar multidões. O que nos é impossível, torna-se realidade nas mãos de Jesus.

4. Jesus faz o milagre da multiplicação, mas a distribuição deve ser realizada pelos seus discípulos. O pão que alimenta o povo vem de Jesus, mas a entrega desse pão ao povo, passa pelas mãos de seus discípulos. Só Jesus tem pão com fartura, mas quem deve distribuir esse pão aos famintos somos nós. Cabe-nos alimentar as multidões com o pão que recebemos das mãos de Jesus. Ele é o Pão da Vida. Só ele pode saciar para sempre a fome espiritual das multidões. Nosso papel não é multiplicar as pães, mas distribui-los.

5. Jesus multiplica o pouco que temos, mas não permite desperdício do que sobeja. Não é porque temos pão com fartura que temos o direito de desperdiçar o que sobeja. Jesus ordenou que fossem recolhidas as sobras. Vale destacar que os discípulos, como aquela multidão, também estavam famintos. Estavam o dia todo em lugar deserto. Então, ao recolherem o que sobejara descobriram que sobraram doze cestos de pães, ou seja, um cesto para cada discípulo. Como o alimento era o salário dos trabalhadores (Mt 10.10), Jesus está mostrando que nunca faltará a provisão para aqueles que se dedicam ao seu trabalho.

6. Jesus não apenas supriu as necessidades imediatas da multidão, mas também se compadeceu dela como ovelhas sem pastor. Para Jesus a motivação precede a ação. Não basta fazer, é preciso fazer com a motivação certa. Porque Jesus se compadeceu da multidão, mesmo estando de luto e exausto, ensinou, curou e alimentou a multidão. Porque se compadeceu de nós, desceu do céu, foi moído como trigo na cruz, para ser o pão nutritivo que alimenta nossa alma, para sempre!

Rev. Hernandes Dias Lopes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *