O ASPECTO TERAPÊUTICO DA COMUNHÃO
O Salmo 133 é um primor de poesia sagrada. Foi escrito por Davi, o mavioso poeta de Israel. Nesse sublime poema, o escritor destaca o aspecto terapêutico da comunhão fraternal. Vamos destacar, aqui, alguns pontos importantes.
1.Acomunhão entre os irmãos é atraente (Sl 133.1). “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”. O autor exclama, em êxtase arrebatador, ao contemplar a união entre os irmãos. A união fraternal é boa e, também, agradável. Faz bem à alma e torna a vida mais leve. A comunhão entre os irmãos não abençoa apenas quem dela desfruta, mas também, reverbera para além dos muros e abençoa aqueles que de longe a contempla. A igreja de Jerusalém tinha tudo em comum. Os irmãos se reuniam diariamente no templo e, também, de casa em casa. Perseveravam na comunhão e no partir do pão. Por isso, contavam com a simpatia de todo o povo.
- A comunhão entre os irmãos é como medicina para os relacionamentos (Sl 133.2). “É como o óleo precioso…”. O óleo tinha três finalidades nos tempos bíblicos: era cosmético, remédio e símbolo da unção do Espírito Santo. A união entre os irmãos é como o óleo, que embeleza vida, cura as feridas e traz a bênção do Espírito Santo sobre os relacionamentos. Onde há união entre os irmãos aí há terapia para a alma, cura para as emoções, ânimo para o enfrentamento das dificuldades e força para caminhar. Onde há comunhão, aí o Espírito de Deus fortalece os laços e a caminhada se torna vitoriosa.
- A comunhão entre os irmãos é restauradora (Sl 133.3a). “É como o orvalho…”. O orvalho é um símbolo da própria presença de Deus entre o seu povo (Os 14.5). Assim como o orvalho cai para restaurar a relva castigada pelo calor inclemente do sol, sem o alarde dos relâmpagos e trovões, de igual modo, a união entre os irmãos, mesmo de forma discreta, traz restauração para os relacionamentos. Assim como o orvalho cai às noites, a união se faz presente nos momentos mais difíceis da caminhada da vida e restaura os relacionamentos nas noites mais escuras da vida. Assim como o orvalho é frequente, assim também a união deve ser duradoura e jamais claudicar em sua ação em favor uns dos outros. Assim como o orvalho traz novo frescor a cada manhã, a união entre os irmãos remoça os relacionamentos e traz bênçãos para toda a família da fé.
- A comunhão entre os irmãos atinge os de perto e os de longe (Sl 133.3a). “… o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião…”. O Hermom é o monte mais alto de Israel. Fica no extremo norte do país. Seu cume é sempre coberto de gelo. Os ventos gelados que sopram na cumeeira dessa montanha levam uma brisa refrescante para os montes de Jerusalém, há mais de cento e cinquenta quilômetros ao sul. A comunhão entre os irmãos é como essa brisa refrescante que leva vida por onde passa, atingindo pessoas de perto e de longe. A comunhão entre os irmãos é abençoadora e sua influência reverbera até em lugares distantes.
- A comunhão entre os irmãos abre o caminho para a salvação de Deus (Sl 133.3b). “… ali ordena o Senhor a sua vida…”. A vida de Deus é a própria realidade de salvação. Onde a vida de Deus está presente, aí há salvação. Uma igreja onde os irmãos vivem em união, aí há conversões genuínas e abundantes. A comunhão é a base da evangelização. Aqueles que chegam à uma igreja, nela não permanecem se aí não há relacionamentos saudáveis.
6.Acomunhão entre os irmãos resulta na bênção divina (Sl 133.3c). “… a sua bênção para sempre”. A bênção de Deus flui onde há comunhão e não onde há contenda. Uma igreja onde os irmãos vivem em união, a presença de Deus é real. Ali a bênção de Deus é notória. É nesse lugar que Deus ordena a sua bênção. É nessa geografia que Deus ordena a sua bênção e é através dessa igreja que a bênção divina flui e impacta o mundo.
Rev. Hernandes Dias Lopes